Porque nunca vi um amor durar sendo frio, distante e calculista. Por isso que não me contento com amores que não são amáveis. Eles cansam e, antes que percebam, perdem os seus encantos.
Vivemos em tempos onde é estratégico economizar entregas. Tem gente que não se doa porque não sabe como, mas a maioria simplesmente escolhe manter esse jogo tolo de não mostrar todas as cartas. Pior, tem gente que confunde amor com ilusão. Gente que faz tipo acreditando que a defesa é a melhor forma de fazer o amor de alguém permanecer. O amor que não sente o gosto do imprevisível e do risco que é morar em outra pessoa, pouco conhece da aventura que é o coração.
O amor não pode ser distribuído em medidas contadas e cobradas. A indiferença dos amores atuais é a principal causa dos términos. Falta conversa, falta honestidade, falta cumplicidade. Poucos estão dispostos para a luta diária que é construir e conquistar, dia após o dia, o respeito e o carinho de quem se ama.
Não acredito no discurso do tenho medo de amar e quebrar a cara. Ninguém passa por essa vida sem ter tido o coração partido uma única vez – e é importante que ele seja. Porque é na decepção, no travesseiro surrado pelas lágrimas que, após algum tempo sofrendo pelo luto do amor, que você acorda e percebe ser possível recomeçar. Mas, principalmente, você aprende sobre os amores que você não quer mais e também a não agir como eles.
Quem sente amor, ama. Quem não sente, brinca de fingir.
O amor não precisa ser meloso e cheio de demonstrações públicas de afeto, mas ele precisa sim, de interesse e uma via de mão dupla cultivada pelos envolvidos. É tendo essa sagacidade que o amor encontra um prazer todo especial para não perder o fôlego.
Não me contento com amores que não são amáveis, sinto muito. Quero encantamentos em todos os gestos e palavras não ditas.
Imagem de capa: Mark Manson
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