Não culpe os outros pelo comportamento leviano do seu parceiro.

Se tem uma coisa que eu acho deprimente é quando vejo alguém se descabelando na tentativa de modificar a postura do parceiro amoroso, quando esse insiste em se comportar como se fosse completamente livre e desimpedido. Deve ser um fardo muito pesado para alguém essa agonia de vigiar os passos do outro. Aliás, há casos em que nem se faz necessário o desgaste da investigação, já que muitos nem fazem questão de ocultar as suas mancadas. As redes sociais, por exemplo, têm sido um verdadeiro palco para a manifestação desse constrangimento.

Eu vejo muita gente sofrendo com essa questão. Escuto, inclusive, desabafos de pessoas que descobriram, por meio de amigos, que o(a) parceiro(a), mesmo casado, possui um perfil em site de relacionamentos. Ouço relatos sobre parceiros, tão levianos, ao ponto de não respeitarem nem mesmo os(as) amigos(as) do cônjuge, enviando-lhes mensagens de assédio. E o que mais me choca é perceber o parceiro magoado tentando reverter a situação, atribuindo sempre aos outros a culpa do comportamento reprovável do parceiro. A culpa é sempre da moça da saia curta e do decote indecente que se insinuou para o marido, ou a do rapaz malhadão que seduziu a namorada, enfim.

Percebo muita gente tentando tapar o sol com a peneira e desviando o foco da questão. Ao que parece, na percepção de algumas pessoas, o parceiro não é fiel porque existe uma conspiração global para que ele seja leviano em seu modo de agir. Isso fica claro nas expressões do tipo: “fulana roubou o meu marido”…”fulano tomou a mulher de beltrano”. Fica, nas estrelinhas, a ideia de que veio um “ladrão” e arrancou a pessoa da relação anterior, contra a vontade da mesma.

O que muita gente precisa se esforçar para entender é que a fidelidade jamais poderá ser exigida ou cobrada de alguém. Exigir que o outro me respeite é algo que fere a minha dignidade. Eu parto do princípio de que todo relacionamento tem o seu “código de conduta” estabelecido em comum acordo pelos envolvidos . Vou mais além: particularmente, acredito que ser fiel e respeitar o nosso parceiro nem precisa constar em nenhum “regulamento”. A gente é fiel porque aquela pessoa nos basta, tem que ser uma decisão espontânea e genuína. A partir do momento que, para o outro me respeitar ou ser fiel à relação, eu tiver que lembrá-lo constantemente ou até ameaçá-lo, há um sinalizador de que essa parceria não está fluindo ou nunca fluiu bem. E, sabe de uma coisa? Essa questão de fidelidade é perfeitamente traduzível da seguinte forma: ela é muito relativa, pois existem casais que são fiéis mesmo morando em estados diferentes, eles possuem conexão de almas, eles possuem todas as oportunidades para viverem outras experiências, mas não se interessam, os corações estão supridos. E, existem, também, parceiros se traem debaixo do mesmo teto. Conforme ouvi um desabafo de uma jovem: “eu tava preparando o jantar e ouvi um bip de mensagem no celular dele, e, na tela vi uma notificação do thinder, era uma mulher o chamando de “meu gostoso”.

Definitivamente, ao meu ver, é perda de tempo e dignidade, exigir lealdade de alguém, em qualquer vínculo relacional. Peça um copo de açúcar ao vizinho, peça desconto no açougue, mas, em hipótese alguma, implore por fidelidade. Se seu parceiro o ama e o respeita, isso lhe será ofertado naturalmente, sem nenhum peso e sem ressentimento. Se tiver que pedir, você, certamente, já perdeu a paz há muito tempo. E não se iluda achando que tem o poder de transformar quem quer que seja em “homem ou mulher de respeito”. Ele até pode mudar um dia, mas essa será uma escolha dele, não será por imposição de ninguém.







Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.