Marcel Camargo

Não culpe seu próximo amor pelos cacos que o anterior deixou

Os encontros amorosos são especiais e imprescindíveis para que cresçamos e nos tornemos cada vez melhores, pois compartilhar e se entregar nos habilita a olhar para além de nós mesmos. Da mesma forma, temos que aprender também com os desencontros amorosos, com aquelas relações que não dão certo, que nos machucam, pois nem sempre estaremos acertando, mas é preciso continuar tentando.

A grande maioria dos términos de uma relação é desagradável e dolorida, pois implica o enfrentamento de um futuro incerto, pontuado por saudades e arrependimentos. Teimamos, nesses momentos, em ficar imaginando o que poderia ter sido feito para que não se chegasse ao fim – o famigerado “e se…” que não leva a lugar nenhum.

O mais adequado a se fazer será abraçar a dor que vem forte, passar pelo período de vazio e tristeza, perto dos amigos verdadeiros, sorvendo a solidão emocional com a certeza de que aquilo vai passar e de que haverá novos encontros e momentos especiais, enquanto ainda houver vida dentro de nós. Nem fugir da dor, nem se entregar sem luta.

Muitas vezes, após uma forte decepção amorosa, tendemos a nos fechar a novos encontros, tornando-nos ressabiados, ariscos e desconfiados, quando alguém se aproxima mais de perto. Tememos nos entregar de início e por completo, como se estivéssemos vacinados contra a dor do amor. Inútil pensar assim, pois não existe remédio que neutralize o amor – felizmente.

Iremos nos apaixonar de novo, sim, quer queiramos ou não. O coração clama por dividir tudo o que pulsa em sua essência e aguarda pelos encontros verdadeiros. É preciso dar tempo à dor, para que ela se transforme em vontade de recomeçar, sempre, apesar de tudo. A vida segue e existe um bando de gente lá fora que nos olhará com interesse sincero e afeição sem rodeios.

Teremos que nos entregar de alma limpa, deixando para trás o que já não é, como se nunca o tivesse sido, porque o novo sempre vem. Devemos nos livrar dos erros, partindo aos novos encontros renascidos, inteiros e confiantes, pois é covardia jogar o peso de nossas dores no colo de quem não tem nada a ver com isso. O novo amor não tem culpa de nada daquilo que nos aconteceu antes de ele aparecer em nossas vidas. Cabe-nos acreditar que agora será diferente, que finalmente seremos felizes, caso quem esteja vindo se mostre digno e transparente.

Enquanto vivermos, estaremos sujeitos a quebrar a cara, em diversas situações e com várias pessoas. No entanto, nada disso poderá nos fazer desistir de encontrar a pessoa certa, no momento certo, pois é isso que nos ajudará a levantar todas as manhãs com o propósito de buscar e de sentir a felicidade plena do amor verdadeiro.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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