Esta semana um site de “notícias” divulgou, com chamada em letras garrafais, vídeos da traição do marido de uma empresária internacional. Quase que instantaneamente, os vídeos haviam sido replicados em todo o mundo. Foquei nos comentários das mulheres, é claro! Li de tudo: desde “ela mereceu”, “essa aí tem dedo podre”, “ela só escolhe errado”, até “ela tem dinheiro e vai chorar em Paris”.
Os vídeos teriam sido feitos em outubro, mas foram divulgados agora, quando a empresária estava na reta final de uma gravidez (sim, ela estava grávida) que foi muito planejada e esperada. Em meio a esse circo, uma das mulheres envolvidas no caso começou a dar entrevistas (vale salientar que tudo dentro de poucas horas) dizendo que pensava que o namoro entre a empresária e o rapaz era casual, mas que quando soube da gravidez terminou. Mais polêmicas, é claro. Xingamentos mil. Agora eram duas mulheres no foco.
Achou que não poderia ficar pior? Em meio a tudo isso, o nascimento da criança, esperado para 3 semanas depois, teve que ser antecipado, já que ela começou a ter contrações.
Vazou a informação de que ela permitiu que o pai da criança assistisse ao parto. E o que era circo se transformou em um show de horrores! “Viu que ela merece?”; “como escolhe um pai desses para a criança?”; “se fosse eu não deixaria chegar perto”; “tadinha da criança”… As notícias foram replicadas a uma velocidade assustadora.
Mas, em meio a tudo isso, não vi sequer um comentário perguntando sobre a situação psicológica e emocional da empresária. E eu procurei. Ninguém estava interessado nas consequências que um problema como esse pode gerar na vida dessa mulher, deste ser humano. Não vou nem falar do choque que levei pela falta de sonoridade nesta situação. Mas eu preciso falar da questão da fofoca.
Aconteceu com ela e é assim com você também. No seu trabalho, no seu bairro, no círculo de amizade. O fofoqueiro não se importa com o seu bem-estar, a sua saúde ou as consequências que aquilo pode gerar na sua vida. Ele só quer levar a informação, falsa ou verdadeira, adiante.
O fofoqueiro tem prazer em criar o atrito, desentendimento, tristeza, dor e não pensa no que pode ocorrer com as pessoas envolvidas. O importante é repassar e rir.
Sim, existem muitas pessoas assim. Aquele colega de trabalho que conta detalhes da vida íntima de outra pessoa, ou que fala do chefe e está sempre cochichando sobre algo que não tem ligação com ele. Aquele vizinho que quer saber a hora que você sai, chega e escuta atrás das portas. E, acredite, muitos estão dentro da família também. Já vi amizades acabarem, pessoas perderem o emprego, famílias serem partidas por causa de uma fofoca.
Existem várias causas para este comportamento: desvio de caráter, necessidade de atenção, infelicidade, inveja. Cada um tem seu motivo. Mas todos se alimentam da mesma coisa: o público. Se o fofoqueiro não tiver quem escute ou leia a fofoca, ele não terá porque fofocar e o ciclo acaba. Certa vez, em um local onde eu trabalhava, uma pessoa veio me contar que uma terceira estava falando coisas desagradáveis sobre mim. Minha resposta foi dura, mas funcionou: “Eu não quero saber! Não tenho nada contra ninguém e lamento se alguém tem contra mim. Mas não me importa. Se quiser falar sobre trabalho, estou aqui. Mas se quiser falar sobre outra pessoa, fazer fofoca, eu a proíbo!”. Não preciso nem dizer que nunca mais houve uma fofoca naquele recinto.
Minhas grandes amigas são do mesmo jeito. Algumas “fingem inocência” com um “não estou sabendo de nada”, e viram as costas. Outras se fecham e fazem questão de serem curtas e grossas mesmo. E elas são pessoas muito mais felizes.
Se o fofoqueiro não tem quem escute, a conversa acaba. Ele não tem mais assunto com você, já que a vida dele nunca está em pauta (pode prestar a atenção) e da sua você não terá coragem de falar. Então ele não tem outra alternativa a não ser se afastar.
Outra forma de cortar o assunto é perguntar, diretamente: “Por que você está me contando isso?”. Li em algum lugar, testei e realmente funciona. O fofoqueiro perde o argumento já que não existe motivo lógico para replicar informações da vida das outras pessoas, se não te diz respeito.
Quanto aos juízes, eles não se acham superiores. Pelo contrário: a maioria dos casos que vi são de pessoas com a autoestima tão baixa que viviam de opinar e julgar a vida de outras que este acredita ser superior. Esta é a forma do infeliz destruir aquilo que ele quer para ele, mas acha que não pode ter: denegrindo, ferindo, maltratando…
Faça a escolha certa. Deixe-o ir, seja grato (a) por ter aprendido algo com ele e siga sua vida. O mundo seria muito diferente se cada pessoa cuidasse um pouco mais da própria vida.
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