Já notou que as pessoas que nos despertam raiva, mágoa ou ressentimento, são as únicas que não merecem nem nossa lembrança? O problema é que, embora saibamos que ninguém vale a nossa paz e que as atitudes alheias não deveriam nos atingir, permitimos que alguns sentimentos ruins se alojem em nossa alma, nos deixando doentes, descrentes e desequilibrados.
A vida está repleta de relacionamentos que não deram certo. E a gente podia deixar passar batido, esquecer rapidamente e seguir em frente. Mas, não. Gostamos de um drama mexicano, de lágrimas desnecessárias e de desperdiçar sentimentos com quem não merece.
Toda situação contrária aos nossos princípios ou que capaz de destruir nosso campo de expectativas, gera um esgotamento físico e emocional absurdo. Isso além de nos fazer mal, nos envolve em um sentimento de inferioridade que nos faz desacreditar das pessoas.
Acredito que, a essa altura do texto, seu coração já esteja formulando argumentações contrárias para justificar os sentimentos ruins que você carrega: “tenho direito de sentir raiva, porque fui injustiçada” ou “mereço odiar tal pessoa diante de tanta traição”. O problema é que essas justificativas são tão ilusórias quanto perigosas, já que há uma grande diferença entre merecer de querer sentir algo.
Aliás, cá entre nós, essa história de “eu mereço” é uma válvula de escape para as atitudes erradas. Ninguém diz “eu mereço fazer dieta”, “eu mereço perdoar” ou “eu mereço ficar sem viajar esse ano”. Sempre que dizemos “eu mereço” é para justificar alguma atitude errada que iremos praticar. Como se o cérebro funcionasse como a validação de recompensa e bônus.
A grande sacada da vida é não desperdiçar sentimentos com quem não merece. Entenda que há pessoas que não merecem nem a raiva sentida por elas, que dirá saudade. Entenda: traição, mentira e ofensas revelam o caráter do agressor e não do agredido.
Não desperdice seus sentimentos, sejam eles bons ou ruins, com quem não os merecem. Segue teu caminho, abandone as cargas pesadas e seja livre. Como dizia Bukowski: “Não há nada que ensine mais do que se reorganizar depois do fracasso e seguir em frente”.
Imagem de capa: Tanasan Sungkaew/shutterstock
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