“A violência contra mulheres é uma construção social, resultado da desigualdade de forças nas relações de poder entre homens e mulheres. É criada nas relações sociais e reproduzida pela sociedade.” Nadine Gasman, porta-voz da ONU Mulheres no Brasil.
A cada 11 minutos surge um caso, em média, de estupro no Brasil. No mundo, segundo a ONU, 7 a cada 10 mulheres já foram ou serão violentadas em algum momento da vida. Mesmo com esses dados chocantes, ainda há quem defenda que a violência contra a mulher não pode ser associada à cultura do estupro. Usar o termo cultura para ações tão abomináveis é desleal, eles dizem. De acordo com a Sociologia, a cultura possui tanto aspectos tangíveis – sejam eles objetos e símbolos que estão dentro de um contexto, como também podem ser intangíveis – ideias e normas que regulam o comportamento de um grupo de indivíduos. Indo além, tais valores e características podem ser medidas como desejáveis e indesejáveis. O que isso quer dizer? Significa que certos conceitos e costumes de uma determinada cultura, algumas vezes são benéficos e outras nocivos. Logo, nem toda forma de cultura implica, necessariamente, numa evolução da sociedade. Por isso, usar e reafirmar a existência preocupante da cultura do estupro é tão fundamental para ser debatido e combatido. Não somente pelas autoridades, mas também por todos os cidadãos. Questionar a vítima do estupro é salientar e expandir o desejo e o desrespeito da sociedade machista em que vivemos. Emile Durkheim (sociólogo, psicólogo social e filósofo francês; 1858 – 1917) acreditava que os fenômenos sociais têm necessariamente uma dimensão cultural pois são também fenômenos simbólicos.
O caso da jovem, violentada por 33 homens que, independente dos fatores antecedentes da vítima, mostra mais uma vez esse descaso e sensação de impotência de quem sofre violência. Cruel, suja, assustadora. O triste é que isso se tornou rotineiro, tornando difícil alguns aceitaram, ou, sequer protestarem contra. Mas veja bem, a discussão e a constante luta contra a cultura do estupro não começou no mês passado no Rio de Janeiro. Ela faz parte desde o princípio da história datada do homem. No cinema, o assunto também já fora abordado, em especial, na produção The Accused (Acusados, 1988), estrelado por Jodie Foster, com roteiro de Tom Topor e dirigido por Jonathan Kaplan. Na trama, Sarah Tobias (Foster) foi para um bar. Usava roupas provocantes. Bebeu. Fumou maconha. Flertou. Foi estuprada por 3 homens enquanto outros 3 aplaudiam e incitavam. Ela disse não. Não bastou. A narrativa que, mostra apenas como tudo aconteceu no último ato da produção, discute, seriamente, justamente essa base cultural e machista acerca do estupro. O sistema judicial questiona. Outros personagens questionam. Até mesmo a advogada de Sarah, questiona. Até quando? Inerente às circunstâncias, ela disse não. Tantas outras mulheres já disseram não. Mas continua. Permanece. Fere.
O não por si só é a prova incontestável. O legítimo argumento. Mas há quem continue a ficar incomodado com o uso da cultura no estupro. Estão errados. Ainda que consentido no primeiro beijo e na primeira carícia se, em algum momento, o não surgir, acabou. É estupro. Estejam presentes um, dois, três ou quantos homens primitivos e caóticos praticarem o ato de fato. A tecla do estupro deve sim ficar sendo repetida, dia após dia. Nas casas, nas ruas, nas escolas e nos veículos de comunicação. Estupro não é política. Estupro não é sobre gosto. Estupro não é sobre fé. Todos esses outros assuntos podem ser conversados e cabíveis de possíveis divergências. Menos o estupro. A violência contra não só mulheres, mas também contra crianças, jamais pode cair no discurso de “a minha opinião é que não houve”, “a minha opinião é que ela procurou”, “a minha opinião é que ela se ela não tivesse feito isso ou aquilo”. Jamais. É para ser fixado. Tesão é respeito. Desejo é respeito. Amor é respeito. Quando a curva inclina para qualquer objetivo diferente estamos aplaudindo, incitando e sorrindo a favor da cultura do estupro. A mulher não é posse. Nenhum ser humano é posse. Seja para atender vontades ou expectativas. Que termine aqui o virar os olhos para um novo caso de estupro e violência. Que termine aqui a pequenice de querer estar certo sobre como o outro deve se comportar diante de qualquer pessoa. Que termine aqui a inércia da sociedade. Não é não. Nunca talvez e muito menos sim.
Se você é fã de comédias românticas que fogem do óbvio, “O Casamento do Meu…
Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.
Um filme charmoso e devertido para te fazer relaxar no sofá e esquecer dos problemas.
O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme Ainda Estou Aqui,…
A produção, que conta com 8 episódios primorosos, já é uma das 10 mais vistas…
A Abracine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) considera este um dos 50 melhores filmes…