Antes de mais nada, repare: OUVIR é diferente de ESCUTAR. Os dois conceitos, que normalmente são tidos como sinônimos, são, em essência, bem distintos.
O ouvir é o simples captar do som através do aparelho auditivo. O escutar é uma arte, é um ouvir regado por nossa atenção. O que ouvimos entra por um ouvido, sai pelo outro; aquilo que escutamos, entra, é codificado, interpretado, banhado por tudo o que conhecemos e fica. O conteúdo que ouvimos passa por um canal em preto e branco, sem filtros, sem significado. O conteúdo que escutamos torna-se colorido pelo fato de entrar em contato com o nosso mundo, nossa personalidade, nossas expectativas e perspectivas.
Que tal uma definição mais aprofundada voltada para a Psicologia?
“Escutar: atitude que revela uma postura mais dinâmica, que exige uma atenção para aquilo que se passa, uma interrogação para o significado mais profundo do que é dito e, ao mesmo tempo, uma certa humildade, pois estarei tentando compreender o que está sendo veiculado.” (Giovanetti)
Ademais, escutar, para além de colorir o conteúdo com nossa própria visão de mundo, é também ouvir, esforçando-nos para entender o que o outro tenta nos passar. Requer empatia, humildade para se deixar de lado, por um momento, e fazer essa tentativa de entrar no mundo do outro.
Recordo, agora, de um vídeo em que Leandro Karnal diz que não conversamos mais, simplesmente trocamos conteúdo. Toda fala contendo uma informação é rebatida automaticamente com outra informação. “Sou de aquário!”; “Eu, de touro”. “Adoro Filosofia”; “Prefiro Sociologia”. “Estou desejando praia”; “Eu queria estar no campo!”.
Não refletimos sobre o que nos é dito, não nos esforçamos para sair da superficialidade do ouvir e responder. Estamos em falta com a escuta, em falta com a humildade, em falta com a empatia.
Bem-vindo à era de Narciso, era dos conectados e ironicamente desconectados entre si.
Inevitavelmente, a solidão e indiferença tomam conta. Não escutamos, mas também não somos escutados, o que fragiliza nossos laços emocionais e faz com que nossas relações sejam artificiais demais para durarem. Somos superficiais em nossos diálogos e solúveis em termos de conexão emocional. Restam-nos o egocentrismo e a vaidade, tão característicos dessa era. Definhamos por dentro.
Os poucos que se salvam são os heróis que vão além da troca de informação, olham nos olhos e dialogam com o outro por inteiro. Esses usam a empatia, para desarmar os indiferentes, e a atenção, para confortar aqueles que já foram demasiado atingidos pela frieza do mundo moderno. Eles – os heróis – já entenderam a diferença entre o ouvir e o escutar e fazem questão de se conectar e de se comunicar com os outros de uma forma mais humana, fazendo dessa arte um costume.
Afinal, não é necessário ser psicólogo para escutar alguém, basta somente ser um pouco mais humano.
Imagem de capa: loreanto/shutterstock
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