Pense naquela pessoa mais fria que você conhece. Aquela que consegue racionalizar absolutamente TUDO, sejam perdas ou ganhos. Aquela que se mantém impassível diante das crises, próprias ou alheias – pensando bem, principalmente as alheias. Aquela que parece ter expressões congeladas no rosto, prontas para qualquer tipo de ocasião. Aquela que aparenta ter uma alma de fibra inabalável e um exterior cascudo e inviolável. Pensou? Muito bem! Guarde essa imagem.
Agora faça o exercício oposto. Pense na pessoa mais emotiva que você conhece. Aquela que parece estar sempre com os sentimentos à flor da pele. Aquela que se afeta com o triste destino das borboletas, que se esforçam tanto para nascer, e vivem tão pouco. Aquela que vive com os olhos marejados, chora até em inauguração de supermercado. Aquela que fica comovida com propagandas de banco para o dia das mães. Pensou? Excelente! Guarde também essa ideia.
Agora vai aí um desafio! Pense na pessoa mais equilibrada que você conhece. Aquela que consegue fazer uma mescla plausível entre razão e emoção. Aquela que é capaz de ter empatia pelo sofrimento dos seus semelhantes, e também dos seus diferentes, sem esgotar-se psicologicamente com isso. Aquela que é capaz de estabelecer limites, sem ser arrogante. Aquela que é capaz de acolher, sem ser omissa consigo mesma. Aquela que entende a importância dos bens materiais, sem se tornar escrava deles. Aquela que é capaz de ter atitudes espiritualizadas, sem pregar uma religião qualquer. Aquela que é exatamente o que parece. É, companheiro… Dificílimo, não é mesmo! Caso você conheça alguém minimamente parecido com isso, você é uma pessoa que goza de um potencial de sorte, rigorosamente fora da curva.
Pois há ainda uma outra reflexão, muito mais difícil que essa. Tente enquadrar-se em um desses grupos, para os quais voce elencou, com alguma facilidade algumas pessoas. As atitudes que você tem assumido ao longo da vida o colocam em qual categoria aos olhos dos outros? Eita!!! Difícil demais de responder a essa pergunta, hein?!
A questão é que a gente não “é” nada mesmo. Com alguma sorte, a gente “está” mais para um ou mais para outro, a depender das circunstâncias, da dor, do prazer ou do tamanho da encrenca que nos apareça para resolver.
Não há caixas ou formas que sejam suficientes para acomodar nosso eterno processo de evolução – ou involução -, afinal de contas, quem é que pode jurar de pé junto que nunca nessa vida deu alguns ou vários passinhos para trás?!
A verdade é que todos nós, em algum momento da vida haveremos de ser ou querer um colo que traga alento, conforto e segurança. Simplesmente porque não é sinal de incompetência precisar de colo. Incompetente é quem não é capaz de oferecê-lo!
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