Ahh… essa mania de esperar o ser humano perfeito! Essa ilusão de que existe alguém irreprovável e incorrigível a quem chamar de “a pessoa certa”, uma alma sobre-humana, pronta, criada sob medida para as nossas mais profundas expectativas. Quem nos dera!
Esse delírio de que merecemos alguém que nunca falha, e de que somos a companhia à prova de enganos para alguém que, em algum canto, também sonha a nossa perfeição só pode machucar a nós mesmos e ao outro.
Acontece que a gente erra, sim. Sem querer, a gente erra muito. Erra o tempo inteiro. Todo mundo erra consigo mesmo e com o outro. Erra pequenos, médios e grandes equívocos, como achar que “a pessoa certa” é alguém que não erra nunca. Impossível. Só acerta quem aprendeu errando. O acerto só se reconhece em comparação com o engano. Se chegamos até aqui, foi porque acertamos tanto quanto cometemos erros.
Não estou justificando a falha, não. Isto não é uma defesa do erro deliberado, proposital. Tem gente que erra de sacanagem, sem escrúpulos, erra porque quer. Aí é outra coisa. Mas entre as pessoas boas, bem intencionadas, errar é inevitável. Somos imperfeitos, sempre seremos assim. E não é humano achar que “a pessoa certa” não erra jamais.
Erra, sim. E se acerta, é porque aprendeu com os erros de antes. Aliás, será que a vida não é isso mesmo? Essa luta para sobreviver aos nossos enganos?
Posso estar enganado, mas eu acho que não há “a pessoa certa” nem “a pessoa errada”. Certas ou erradas são as nossas escolhas. Certos ou errados somos nós ao dizer “sim”, “não”, “talvez”. Acertamos ou erramos ao entrar numa história de amor, ao abandoná-la ou ao permanecer nela quando não sentimos mais nada. É assim que é.
Errar, todos erramos. E é de aceitar ou rejeitar os erros e aprender com eles que se fazem os encontros de amor, respeito e cumplicidade. Se existe mesmo “a pessoa certa”, é alguém que também deve errar o tempo inteiro.