Não morrem sem ter amado aqueles que…

Por Patrícia Pinheiro

Paixão é, sem dúvida, uma coisa maravilhosa. Todos deveriam experimentar, ao menos uma vez na vida, a magia que é, com apenas um olhar, sentir tudo aquilo que faz parte de você se acender, ao mesmo tempo em que todo seu chão parece sumir. Paixão é isso: um constante acender e flutuar; é desconectar-se do mundo, já que o mundo e todo o seu sentido passa a residir, por um momento, apenas ali, no cheiro, no toque, no que era dois e passa a ser um só. Mas ainda afirmo, sem medo algum, que, apesar do quão maravilhosas tenham sido as paixões avulsas experimentadas, é menos feliz aquele que passa por essa vida sem ter amado.

Ainda que as duas coisas possam andar juntas – e considere-se mais sortudo que um ganhador da loteria se o seu melhor amigo no mundo é a mesma pessoa com quem você ainda deseja dividir a cama ao final do dia – o amor, diferente de atrações físicas isoladas e de químicas maravilhosas que só resistem à quatro paredes, nos faz mais sensíveis, mais cúmplices, mais conhecedores de nós mesmos, na medida em que não nos coloca apenas na posição de dois corpos que viram só um; mas na serenidade e dureza de descobrir como é, dia após dia, entregar-se à magia do sexo, da singularidade, e exercer, ao mesmo tempo, a capacidade constante de conhecer e apaixonar-se pela loucura que é, na crueldade do dia a dia, SER DOIS.

Não morrem sem ter amado aqueles que beijam demorado, mas que também extraem igual prazer de longas conversas ou longos silêncios. Não morrem sem ter amado aqueles que contam os segundos para estar perto, mas que sabem a hora de adiar um encontro para que o outro possa estudar para a prova de matemática ou fazer um trabalho pendente.

Não morrem sem ter amado aqueles que adquirem a capacidade de antecipar mentalmente o próximo gesto ou palavra do outro; que podem carregar inúmeras feridas, mas, ainda sim, quando juntos, a espontaneidade nunca deixa de estar lá,afinal é fácil e natural ser você mesmo na presença daquele que conhece e respeita cada pedacinho seu.

E amor é para os fortes. Para os que decidem ir em frente nesse caos e ainda levam alguém consigo; para os  que mergulham na loucura e sabedoria que é, ao descobrir o outro, acabar descobrindo a si mesmo; e, acima de tudo, para aqueles que, mesmo ainda colhendo os cacos das desilusões, seguem amando e se entregando, pois sabem que infelizes não são aqueles que carregam as rachaduras como cicatrizes; esses são os corajosos; infelizes são aqueles que perderam a capacidade de amar.

Patrícia Pinheiro

Patrícia Pinheiro tem 25 anos, é natural de Santa Maria - RS, morando em Florianópolis -SC. É formada em Psicologia e amante das palavras. Poeta e escritora, compartilha seu trabalho em suas redes sociais e é colunista do site Conti outra.

Recent Posts

Quem procurar quando você está desesperado e não sabe em quem confiar?

Quando enfrentamos momentos de desespero e não sabemos em quem confiar, a busca por ajuda…

5 horas ago

A importância da hidratação na rotina dos gatos

Você sabia que uma boa hidratação é fundamental para a saúde do seu gato? No…

13 horas ago

Os Benefícios de Ter Passatempos para Lidar Melhor com as Doenças

A vida moderna, marcada por suas exigências e responsabilidades, frequentemente nos leva a um estado…

15 horas ago

Padre Fábio de Melo revela volta da depressão e pede orações: ‘Vontade de deixar de viver’

O Padre Fábio de Melo comoveu e preocupou os fiéis no último domingo (19) ao…

20 horas ago

Elon Musk faz gesto polêmico em discurso na posse de Trump

Durante seu discurso na posse de Donald Trump, Musk exaltou a vitória do republicano e…

22 horas ago

Por que o SEO On-Page é essencial para o sucesso do seu site

A otimização interna, ou SEO On-Page, representa o primeiro passo fundamental para garantir que o…

1 dia ago