Tem amor que é calmaria. Tem amor que é turbilhão. Alguns aparecem do nada, mudam a rotina, o fluxo, o caminho. Tiram o ar sem dó, dão dor de estômago e arrumam um jeito de invadir nossos pensamentos. Outros, são mais tranquilos, gostam do silêncio e detestam exposições. A verdade é que a forma de amar pouco importa. Amor é amor de qualquer forma, em qualquer definição e de qualquer jeito.
No livro “ A Décima Segunda Noite” de Luiz Fernando Veríssimo, o autor utiliza-se de seu bom senso peculiar para falar sobre as diferentes formas de amar: “Amores simples, amores loucos, amores sem esperança, amores grotescos – isso sem falar no meu, que competia em todas as categorias”.
Amor não é um sentimento que traga explicações ou que deixe exposto suas regras como em um jogo. Amar se aprende amando. Não precisa fazer sentido, precisa, apenas, trazer paz. O problema acontece quando as pessoas confundem “turbilhão de sentimentos” com “prisão psicológica” e acreditam que, para serem felizes precisam, antes, sofrerem demasiadamente.
As pessoas, em sua grande maioria, acreditam em teorias amorosas pregadas como verdades absolutas: “relacionamento a distância não dá certo”; “amor à primeira vista não existe” ou “amor verdadeiro só existe um”. Como se o amor fosse um manual elaborado por especialistas da felicidade e seguisse regras pré- determinadas.
Quem inventou a história de que o amor está relacionado à taquicardia? Que o coração tem que bater em uma frequência surreal? Que tremores, suor e respiração pesada são sinônimos de amor verdadeiro?
Sabe, nem sempre o amor da sua vida será a grande paixão do passado. Pode ser que seu amor nem tenha aparecido ainda, que seja totalmente diferente do que você espera e não seja tão sarado quanto o Wolverine, mas acredite, você será mais feliz do que imaginou.
Uma das citações mais doces e reais do amor genuíno foi feito por Gabriel Garcia Márquez, Em “O amor nos tempos do cólera”: “(…)tinham contornado juntos as incompreensões cotidianas, os ódios instantâneos, as grosserias recíprocas e os fabulosos relâmpagos de glória e cumplicidade conjugal. Foi a época em que se amaram melhor, sem pressa, sem excessos, e ambos foram mais conscientes e gratos pelas vitórias inverossímeis contra a adversidade. A vida ainda havia de confrontá-los com outras provas mortais, sem dúvida, mas já não tinha importância: estavam na outra margem.”
Amor é o que fica quando a beleza vai embora, quando a rotina se instala e quando o dinheiro aperta. Amor é calmaria em meio à tempestade e certeza da companhia, indiferente das marés contrárias.
Amor, meu caro, é o que faz seu coração sossegar e não o que proporciona uma parada cardíaca a cada situação inesperada.
Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock
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