Não se deixe enjaular, amordaçar, assediar. Não seja objeto de barganha. Toda forma de relacionamento é bem-vinda, se for pautada na liberdade.
Ter o “rabo preso”, em qualquer poste, porta ou pé de mesa que seja, significa que a relação não é justa.
Ou vai definhar e morrer, ou vai virar algo muito pior, baseada em ódio e rancor.
Os encontros da vida não podem impor condições, não devem encarcerar ninguém, moral ou fisicamente.
Não aceite nenhuma condição em que fique devendo obediência. Não permita que a gratidão seja imposta. Não prenda o seu rabo na porta de ninguém.
Se é verdade que, pela evolução da espécie, perdemos nossas caldas que balançavam conforme nossos humores, de fato ainda temos um resquício delas, por onde tentam nos prender, nos puxar de volta, manipular, e até nos mutilar.
A intenção da analogia não é depreciar, mas ilustrar como permitimos, sem nos dar conta, que nos controlem e causem ferimentos profundos.
Ninguém é dono de ninguém. A coisa só é boa quando somos livres. Se for para tocar, que seja com carinho, com prazer, com consentimento. Tocar o corpo, tocar a alma.
Atenção, portanto, com o nível de confiança mínimo que uma relação precisa manter. De nada adiantam as melhores intenções numa confissão, se ela cai em ouvidos maldosos, se a entrega cega se transforma em visível cárcere.
O amor é lindo, de fato é. E qualquer coisa que não liberte e eleve uma vida a outro nível, não é amor. É rabo preso numa porta prestes a bater.
Imagem de capa: KieferPix/shutterstock