Não quero água nos olhos, quero água na boca !

Eu quero. Eu quero seu sorriso mais largo, daqueles que preenchem toda a dimensão de sua felicidade. Quero ser parte de sua vida, de seus dias, de você aí dentro. Quero seu fogo, sua tempestade, sua doçura, a amargura, a dureza dos dias sem sol e a calmaria da imensidão de seus sonhos. O seu vir, o seu ir, a sua presença, mesmo ausente, seu dó maior. Quero.

Eu anseio. Eu anseio pelo seu beijo, pelo seu abraço, pelo correr de suas mãos, em mim, por mim, sobre mim. Anseio pela fome que você provoca, pelo prazer que você evoca, pelo ritmo que você me lança, enquanto se movimenta, lenta e docemente junto de mim. Pelos seus dias, pelas suas horas, na fama, na lama, na cama. Por tudo o que você trouxer, toda luz e toda escuridão que haveremos de consumir. Anseio.

Eu preciso. Eu preciso ouvir a sua voz, sentir o seu calor, receber o seu amor, com volta, em dobro, atravessando por entre em mim. Preciso de seu cheiro, de sua chegada, de suas partidas. Da sua impaciência, da sua insegurança, de você reclamando de mim. De sua insônia, do aconchego em seu corpo, da conchinha na hora de dormir, dos pés gelados sob as cobertas, perdidos numa noite sem fim. Preciso.

Eu adoro. Eu adoro esses cachos desalinhados, sua barriga descoberta, o pouso de seu olhar em mim. Adoro quando você chega sem avisar, fica e se demora mais e mais, sem tempo, sem regras, sem pudor. Adoro seu bife salgado, seus beijos molhados, esse corpo suado. Andar de mãos dadas, lutar contra o tédio, aceitar você em mim. Adoro.

Eu desejo. Eu desejo que você não se canse de mim, nem do que você é perto de mim. Eu desejo que tudo venha como for, que tudo teste a nossa dor, que a gente atravesse tempestades e ventanias avassaladoras, para que fiquemos mais fortes juntos, sempre, apesar e por causa do bem e do mal. Que a gente brigue e retorne, discuta e se acerte, que a gente se perca um no outro, a ponto de alcançar aquela felicidade que até dói. Desejo.

Não quero amor muito açucarado, sorriso forçado, presença sem vontade, tesão sem amizade. Não quero ninguém morrendo de amores por mim, quero alguém vivendo de amor em mim. Quero verdade, entrega, partilha, acolhimento, força, resgate, quero ir embora sem despedida, porque terei certeza da volta, do reencontro com você, comigo, em você, em mim. Quero saber de você, de sua vida, contar da minha, cicatrizar cada ferida, amargar cada tombo, cada falha, no sexo e na bossa nova. Quero.

Quero você, quero amar, aprender a amar, a ter sem prender. Quero você com laço, sem nó, quero você nua e crua, sem dó. Quero poder repousar tranquilamente minha alma na sua, assim, serenamente, com verdade, sempre e para sempre…

Te amo.







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.