Querida leitora,
Não se termina uma relação por WhatsApp. Mesmo para quem namora, já seria uma ofensa. Mas para quem divide o mesmo teto, então, é covardia. Não custava nada se encontrar, olho no olho, e explicar a tomada de consciência por um caminho diferente.
Um relacionamento não é unilateral. É uma construção a dois. Ainda que seja uma decisão particular, envolve uma outra pessoa, que merece empatia e explicação. Não é escrever algumas palavrinhas, virar as costas e deu. Não tem como ser egoísta na despedida e simplesmente abandonar a companhia porque não quer mais.
Não quer mais, por quê? Qual foi a mudança? O que aconteceu para se pensar e sentir diferente?
A separação também precisa ser elaborada, como um projeto de distanciamento gradual a ser feito com cuidado e respeito. Para ninguém se sentir descartado e posto no lixo.
Assim como se começa a história pessoalmente, deve-se encerrá-la pessoalmente. Por uma questão de honra.
Ele terminou por WhatsApp porque tem medo de se enrolar nas justificativas? Ora bolas, é um adulto com livre-arbítrio. Decidiu sozinho, que comunique a saída para que aquele que ficou possa se organizar.
Ele terminou por WhatsApp porque tem medo de faltar coragem na hora? Não se case se não sabe assumir as consequências de suas atitudes.
Ele terminou por WhatsApp porque tem medo da choradeira e das cobranças? Não conheço nenhuma separação fácil. O luto é um reconhecimento de que o tempo dividido não foi tempo perdido.
Evitar o encontro revela culpa (fiz algo de errado e não quero contar) e indica claramente que já está envolvido com uma nova pessoa. É infidelidade a ser mascarada.
De onde tiro essa conclusão? Ou ele está pretendendo se ver livre com rapidez para começar oficialmente um romance (e deixar a ideia de que o flerte não surgiu durante o relacionamento) ou alguém por detrás dele vem cobrando uma resposta.
Caso não seja traição, não há motivos para se esconder e ser mais um foragido do amor, de identidade falsa, perdido por aí.
O único caminho é apertar a campainha, devolver as chaves da casa e do coração e proteger a dignidade da memória.
Abraço,
Fabrício Carpinejar
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Abaixo, a publicação original do autor.
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