Se dar bem ou não pode ser questão de sorte, de inteligência, de carisma, do acaso, do encontro, do destino. Se dar mal pode ser questão de tudo isso também, ou nenhuma das alternativas anteriores. Não importa, é tudo parte do jogo. É tudo o jogo em si.
A reação mais aceitável deveria sempre ser a de modéstia perante o êxito e coragem no caso de uma derrota. Mas não é assim que conseguimos digerir e comunicar nossos feitos.
A vaidade sai a berrar e se insinuar para o orgulho já exacerbado. A festa parece não ter fim quando se vence uma etapa.
Mas, no lado oposto, atrás do pódio, bem lá para dentro das entranhas da vergonha, quando tudo dá errado, quem se apresenta esfomeada é a pena, de sobrenome piedade e apelido dó.
Sentir pena é tentar inutilmente se sentir triste pelo outro, ou pior, por si mesmo. É sentar e chorar, lamentar a vitória alheia só porque não foi a sua própria.
Quando as coisas dão para trás é o justo momento de invocar a sabedoria, por mais magra e fraca que ainda aparente. Só dessa forma ela se fortalece e vai aos poucos barrando a entrada da pena, que só lamenta, serve o drama em taça de cristal mas nada faz para de fato consolar.
Por essa e por outras que eu não sinto pena de mim. Não sinto quando acontece uma decepção. Não sinto quando me meto em causa perdida. Não sinto se for injustiçada. Não sinto nem quando sou eu a culpada.
Não sinto pena porque não me acho merecedora de lamentos. Prefiro me ver apta a novas chances. Troco a pena pela lição aprendida.
E por favor, se nem eu sinto pena de mim, se me encontrar numa situação passível desse sentimento, nem ouse! Se o fizer, sentirei pena de você!
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