Ventos
movimentam-se as palavras
coreografadas no vento
fios de espuma vestem poemas.
correm os séculos, não apagam
as estrelas no céu do meu país.
veias
são laços
no peito.
na linha do tempo
não morrem as águas.
ondas namoram o sol.
a deusa louca dança.
giram olhos e braços
uma flecha transpassa, fere o corpo.
minúscula pedra expulsa o pulmão.
Ao Vento
Quando voltares, nada direi.
Ouvirás silêncios e uma canção
no vento.
Há flores colhidas no orvalho.
O céu está aberto. Estrelas
chegam às mãos.
Cansado de esperas, recolho os fios
do tempo e as promessas de nuvens.
{A casa exala perfumes e palavras}.
Os olhos esperam as cores do mundo.
Apago as dúvidas no peito e na face;
poemas são aves. Voam acima dos mares.
Quando Setembro Passa
As flores deixam perfumes
nas mãos cansadas de lutas.
Brilham as pedras,
refletem as horas,
o suor e o sono.
As almas mais puras
ouvem o sol, os pássaros
e os homens.
As crianças colhem
sonhos, desfiam
nuvens e manhãs.
Setembro guarda
nos lábios dos deuses
mil poemas bordados
em nuvens.
À espera do sábado
Manhãs carregadas de chuva,
abraçam o amor e as flores.
Deus desce do paraíso,
ouve e escreve recados.
Anjos tocam guitarras
à sombra das árvores.
os versos das canções
soam sem lágrimas.
Iluminado e perfeito,
os dias vestem as cores
e os corpos nas ruas.
Olhares e frutos
dialogam nas mesas.
Amigos desenham
as rotas do sol.
Raimundo Lonato é escritor e poeta paulista.
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