Isaias Costa

Não tente ajudar quem não quer ser ajudado

Esses dias li um texto simples e bastante profundo da terapeuta Gisela Vallin que me fez refletir muito sobre o conhecido processo psicológico chamado RESISTÊNCIA. Leia com bastante atenção.

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Quando vir alguém vivendo uma situação desafiadora, exerça a empatia para verificar se essa pessoa quer sua ajuda de fato.

Ao longo da minha trajetória como terapeuta, percebi, a duras penas, algo muito interessante no comportamento de algumas pessoas : Muitas vezes elas só querem reclamar, mas não querem uma solução para o problema.Sim, isso existe. Nós mesmos fazemos isso sem perceber. Inúmeras vezes só queremos expressar nosso mimimi, mas não queremos a solução real para o que nos atormenta. De alguma forma, a queixa alimenta o ego.

Inúmeras vezes sugeri tratamentos para clientes que eu sabia que iria fazer com que, possivelmente, eles solucionassem alguns problemas de vez. E eu não entendia porque eles nunca iam, ou nunca faziam o tratamento por completo ou encontravam desculpas para faltar. Até que fui conhecendo, na prática, o fenômeno da RESISTÊNCIA.

Basta observarmos nossas vidas. Quantas vezes ficamos andando em círculos numa situação por conta do imenso medo de perder a muleta existencial que um problema nos dá ?

Creio que, quando temos coragem de olhar para dentro, percebemos que, muitas vezes, podemos encontrar um prazer mórbido em alguns sofrimentos e alimentamos essa postura masoquista por falta de consciência.

Já diz o o Osho que o sofrimento fortalece o ego.

Não tente ajudar quem não quer ser ajudado. Cada pessoa tem seu processo, devemos respeitá-lo. Se a pessoa pedir sua ajuda e você sentir em seu coração que deve fazer algo, pode emanar boas energias à distância, mas não compre o marketing do ego vitimizado de pessoas que estão apegadas ao sofrimento e que se autoboicotam, diariamente, para não sair dele.

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Tudo isso que ela fala nesse texto é muito profundo e verdadeiro. Também sou bastante sensível para escutar a dor das pessoas, assim como a Gisela Vallin, mas observo constantemente que muitos dos que se dirigem a mim para conversar possuem uma espécie de “sofrimento de estimação”, ou seja, cuidam das suas dores como se fosse algo precioso.

A leitura desse texto me fez lembrar de um caso real que tive conhecimento. Uma pessoa conhecida da minha família tem uma condição financeira bastante favorável e também possui um coração muito bondoso, generoso e prestativo.

Ele, ao ir de carro para o seu trabalho, sempre encontrava em um dos sinais um rapaz que tinha uma enorme ferida na região do quadril e que o deixava incapacitado de trabalhar em qualquer empresa ou instituição.

Compadecido de sua realidade dolorosa, ele conversou com o rapaz em particular e disse que poderia pagar todo o tratamento médico, para que ele ficasse totalmente curado daquela ferida tão feia e dolorosa.

Para a sua surpresa, o rapaz agradeceu a sua gentileza, mas recusou sua proposta com o seguinte argumento:

– Senhor? Mas se eu ficar curado dessa ferida, eu vou perder o meu “ganha pão”. Eu vivo de pedir essas esmolas no sinal. Se eu deixar de pedir, como é que eu vou me sustentar?

Pois é meus amigos! Essa estória é verídica e afirmo a você com veemência que esse não é um caso isolado, de maneira nenhuma, ele é mais comum do que você imagina. Acontece por todos os lugares.

Infelizmente, muitas pessoas se colocam em ZONAS DE CONFORTO extremamente doentias e prejudiciais.

Dei esse exemplo para mostrar uma das maiores verdades universais e colocarei aqui com bastante destaque.

NINGUÉM MUDA NINGUÉM

Quando essa verdade universal fizer parte do mais profundo do seu ser, você vai pouco a pouco se transformar em um homem ou mulher de autoconhecimento e vai aprender que a verdadeira e real mudança sempre acontece na gente mesmo. É algo de dentro para fora. Mudando o mundo interno, o externo vai refletindo também essa mudança.

É difícil explicar isso em palavras, é algo que deve ser experimentado na própria vida. Experimente! Mude o seu mundo interno e vai ver como o mundo externo vai refletir essa mudança.

Portanto, lembre-se sempre: Não tente ajudar quem não quer ser ajudado.

Imagem de capa: Alejandro J. de Parga/shutterstock

Isaias Costa

Bacharel em Física. Mestre em Engenharia Mecânica e Psicanalista clínico. Trabalha como professor particular de Física e Matemática e nas consultas com Psicanálise em Fortaleza. Também escreve no seu blog "Para além do agora" compartilhando conteúdos voltados para o autoconhecimento e evolução pessoal. Contato: isaiaspsicanalista@gmail.com

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