Nas esquinas do virtual, o encontro com um amigo real

Por Josie Conti e Gustl Rosenkranz

Não é difícil conhecer alguém. O mundo está cheio de gente e, num simples “sair de casa”, podemos nos deparar com uma pessoa que nunca vimos antes.

Basta um pequeno imprevisto ou qualquer coincidência para fazer com que duas pessoas, até então estranhas, entrem em contato direto uma com a outra, trocando algumas palavras, sem que nunca se possa saber antes no que esse encontro irá resultar. Pode ser que seja a única vez e que essas pessoas nunca se vejam e se falem novamente, mas também pode ocorrer delas se acharem simpáticas, prolongando a conversa e criando um laço que pode perdurar mais, talvez até pelo resto da vida. E aquela pessoa estranha, que surgiu em nosso caminho de repente, pode se tornar um bom amigo e aquele novo contato o início de uma caminhada comum.

Encontros acontecem o tempo todo e em tudo quanto é lugar: ao virar na próxima esquina, na fila do caixa no supermercado, no ponto de ônibus, no café na praça ou na sala de espera do consultório médico. Muitos desses encontros são rápidos e passageiros, já que simplesmente passam em nossa vida, mas também há os encontros que ficam e que são renovados por reencontros, podendo gerar um relacionamento mais profundo.

É assim na vida real e, por mais incrível que possa parecer, isso também vale para o mundo virtual. Quando “caminhamos”, por exemplo, por redes sociais, nos deparamos constantemente com nova gente, ou melhor, com perfis de gente estranha, que não conhecemos e que normalmente nada ou pouco nos dizem. Mas, às vezes, interagimos com um ou outro porque algo nos chamou atenção: uma foto, um comentário, um post qualquer…

Engana-se quem pensa que o mundo virtual não é real. Por trás de pixels, satélites e cabos de fibra ótica existem pessoas tão vivas quanto nós. São pessoas que experenciam suas rotinas, suas conquistas e seus lutos. São pessoas que sentem a brisa do vento em seus rostos e o calor do sol em sua pele. São pessoas com histórias e bagagens, com defeitos e qualidades e que sentem alegria e dor, emoção e cansaço, orgulho e inveja, aspiram desejos e expiram sonhos. São pessoas tão humanas quanto nós, que estamos do lado de cá.

Nessas esquinas cibernéticas, ter destinos díspares não evita o cruzamento dos seres que passam. Ora mal se veem, ora param para se entreolhar. São segundos em que o mundo para em consideração ao encontro, momentos em que o caminho previsto pode ser profundamente alterado ou magicamente extinto.

Entretanto, não seria correto supor que não haveria nenhuma diferença entre conhecer alguém no mundo real e no virtual, pois diferenças existem. Olhar a foto de um perfil jamais será a mesma coisa que olhar alguém nos olhos, mandar um smile jamais será a mesma coisa que sorrir ao vivo para alguém. Mas ainda assim: encontros verdadeiros e profundos são possíveis em ambos os mundos.

Há máscaras que permitem o fantasiar-se de um personagem mais feliz e realizado. Outras escondem interesses, falam com tom doce, mas ocultam o fel de desejos pouco virtuosos. Existem, ainda, as mais perigosas que são aquelas que já se fundiram com o usuário que não consegue mais discernir onde termina a fantasia e onde começa a realidade. Nesse baile, engano e autoengano podem dançar num mesmo salão. Projeções dão ritmo aos passos e as idealizações podem se apresentar como o ópio daqueles que acreditam no feitiço da perfeição.

E, do encontro inicial, a dança segue para o reconhecimento.

O tempo será o porta-voz da verdade ao derrubar as máscaras da ilusão. Os meses mostrarão se o amigo virtual é aquele que poderá ou não ser real.

Foi assim com nossa amizade, que começou através de um “esbarrão virtual”, quando nossos caminhos se cruzaram por acaso, sem que nenhum de nós esperasse algo mais ou mesmo imaginasse que agora, quase dois anos depois, sentiríamos a proximidade, a profundidade e principalmente o carinho que agora temos um pelo outro.

Berlim, aeroporto Tegel, janeiro de 2016, dois amigos virtuais se tornaram reais.

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