Imagem de capa: Svitlana Sokolova/shutterstock
Aqui do meu canto, olhando o sol à tardinha, penso em você que inda não veio. Você que por aí há de ver o mesmo céu alaranjado que eu. Que estremece quando acorda na solidão da madrugada, que chora com a esperança, a beleza e as canções que fazem a gente sonhar alto e cantar baixinho.
Daqui, penso em nosso amor tranquilo, forte, imperturbável, atento a suas próprias coisas, indiferente às questões alheias. Amor seguro, corajoso, destemido feito os velhos marinheiros, generoso como toda pessoa boa.
Como os cachorros que apontam os focinhos para o vento, adivinhando sinais distantes, imagino nossa calma dos domingos, nossa cama arrumada a quatro mãos, nosso dia depois do outro, nossos planos de vida inteira.
É tão certo o nosso encontro que eu já bem sinto saudade. Essa saudade alta, viçosa que nem mato crescendo na chuva. Saudade, esse bicho manso que chora baixinho, à espera.
Eu, que não sou de esperar muito, vou caminhando até você. Logo, logo eu chego. Ao redor do nosso encontro há de haver uma cidade bela, povoada de pessoas boas cuidando umas das outras. Um céu azul descarado lá em cima e uma moça linda, de cabelos soltos e alma livre, ouvindo divertida a nossa conversa aqui embaixo.
Você e eu contando nossas coisas, lembrando um parente ausente e uma sorveteria que fechou. E o sol se pondo como sempre. E a noite e a manhã seguinte esperando para nascer. E uma gente em paz seguindo em frente. Nem tudo vai ser perfeito mas a gente dá um jeito. Esse dia ainda chega. Esse dia chega, sim.
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