Essa mania que temos de dar uma atenção demasiada à opinião dos outros, de ficar levantando hipóteses sobre o que vão dizer sobre nós e de fugir ao que se quer, com medo de olhares acusatórios, acaba nos afastando de reais possibilidades de encontrarmos o nosso melhor e de sermos muito mais do que pensamos. É prudente ponderar o alcance de nossos atos na vida do outro, mas anular-se por conta de ditames e regras insustentáveis neutraliza o potencial de encanto, beleza e brilho que todo mundo tem dentro de si.
E, infelizmente, as mulheres, muito mais do que os homens, parecem se importar em excesso com as opiniões alheias, prestando absurda atenção ao que vestir, como se maquiar, de que forma dizer, de que maneira se comportar. A mídia possui um forte papel nesse comportamento, haja vista os ideais femininos que veicula diariamente, impondo juízos de valor homogeneizantes, nocivos ao fortalecimento do que é próprio de cada ser humano, em suas essências diversas. As mulheres perdem muito com isso; a sociedade também. Todos, enfim, perdemos.
Quem foi que disse que só é bonito ser magra, que perna grossa dispensa roupas curtas, que não é para rir alto, que é feio chegar sozinha aos lugares, que mulher come pouco, que batom tem a cor certa, que chapéu não combina sem sol? Quem disse isso nunca foi capaz de admirar a beleza de uma mulher recém-saída de um banho, naturalmente linda. Ninguém sabe a melhor forma de se sentir à vontade e de bem com a vida, a não ser você mesma. Se não estiver prejudicando ninguém ao seu redor, o que importa é estar feliz – e ser feliz é ser o que você quiser verdadeiramente.
Todos temos uma luz própria que não pode – tampouco deve – ser ofuscada por medo dos julgamentos alheios. Ninguém tem o direito de determinar a forma como o outro vive a sua vida, quando não se prejudica outrem, pois cada um merece caminhar de acordo com o que tem para dar. Todo mundo possui algo a oferecer e jamais agradará com unanimidade; nem por isso haverá de ser desmerecida qualquer forma com que se caminha em busca da felicidade. Ninguém poderá se sentir mal ao seu lado, quando você estiver se sentindo bem consigo mesma.
A vida já nos faz enfrentar muitas dificuldades, ou seja, não precisamos de gente nos tolhendo o respirar transparente e sereno devido a valores que se chocam. Respeito é bom e todo mundo gosta. Temos que nos expor em tudo o que somos para termos a chance de errar e de recomeçar, em vez de nos antecipar diariamente ao que poderia acontecer e assim acumular as covardias dentro de nós. É preciso ousar e se despir de amarras que não são suas, para que você se encontre e possa se entregar ao verdadeiro encontro com a vida, em tudo de bom e ruim que ela oferece. Assim é que existimos, assim é que deixamos de ser invisíveis – e nada pior do que a invisibilidade, a morte em vida.
As mulheres são lindas à sua própria maneira, necessárias, singularmente especiais. São nosso porto seguro, a força no seio da família e o equilíbrio em meio às paixões que nos avassalam. Merecem, portanto, ser admiradas pelo que são, pela verdade de sua essência, pelo sorriso espontâneo e pela inteligência sexy que só as mulheres conseguem transpirar tão sutilmente. Seja alguém real, uma pessoa que esteja à vontade consigo mesma, vestindo o que mais lhe agrada, dizendo aquilo que pensa, dançando como louca no meio da pista ou comendo uma porção imensa de batata frita. Porque ninguém conseguirá lhe roubar o que é verdadeiramente seu. Porque nada pode ser mais encantador do que viver as próprias verdades.
Imagem de capa: Nastya Nikitina/shutterstock