Por Octavio Caruso
Talvez o público brasileiro ainda não conheça como deveria Nise da Silveira, psiquiatra alagoana admirada por Carl Jung, que combateu os agressivos métodos convencionais de tratamento de doentes mentais: lobotomia, insulinoterapia, confinamento e eletrochoque, oferecendo uma opção linda, a cura pela arte.
Como todos aqueles pioneiros que ousam fugir do senso comum, ela teve que enfrentar vários obstáculos no próprio sistema, porém, o seu legado eterno em sua área continuará sendo celebrado, décadas após o silenciar de todos aqueles que se opuseram ao seu estilo. A sua história está sendo contada no filme “Nise”, do diretor Roberto Berliner, protagonizado por Gloria Pires, em fase de pós-produção.
O cinema sempre abordou o tema, desde o clássico mudo do início da década de vinte: “O Gabinete do Dr. Caligari”, passando pela pérola de Hitchcock: “Quando Fala o Coração”, o extremamente popular “Um Estranho no Ninho”, de Milos Forman, até o mais recente: “Ilha do Medo”, de Martin Scorsese. Selecionei duas dicas para o final de semana, dois tesouros que merecem maior reconhecimento, afinal, essa é uma das funções essenciais de uma lista, direcionar o foco da luz para os cantos escuros da memória cultural.
Virginia, vivida por Olivia de Havilland, sofre um ataque de nervos logo após seu casamento, sendo internada num manicômio. Tudo piora quando a enfermeira-chefe ameaça transferir ela para a “cova das serpentes”, o Pavilhão 33, onde são colocados os pacientes sem esperança de cura. Com a ajuda do marido e do psiquiatra, ela se recupera, mas é testemunha dos maus tratos e das péssimas condições às quais as outras internas estão submetidas. Analisando a obra no contexto de sua época, ela se torna essencial para psicólogos que queiram enxergar como a arte refletia o processo inicial de revolta pública na luta antimanicomial. A psicoterapia como filosofia de vida, o conceito de transferência, evidenciado na lucidez da protagonista ao entender-se curada por não se sentir apaixonada por seu psiquiatra. Vale destacar também a defesa da psicanálise como ferramenta importante no tratamento dos pacientes mais graves, dentro de instituições psiquiátricas, algo que, ainda hoje, é discutido na área. O roteiro retrata diversas variações do estado psicótico, de forma quase didática, emocionando ainda mais pelo pioneirismo de sua abordagem direta.
Poucos diretores foram tão corajosos quanto Samuel Fuller. Ele apertava o dedo nas feridas abertas da sociedade, de forma crua, impiedosa. Não deixe o título nacional te enganar, a trama, que coloca o jornalista Johnny Barrett (Peter Breck) simulando insanidade para ser internado em um hospício e investigar o misterioso assassinato de um louco cometido dentro da instituição, utiliza a interação do personagem com os suspeitos como forma de criticar manchas históricas norte-americanas, como a Guerra Civil, a paranoia nuclear e o racismo. Vale salientar a fantástica sequência do ilógico temporal dentro da instituição, algo que parece saído da mente de Luis Buñuel. Com um desfecho marcante, evidenciando no protagonista os resquícios de mais uma mancha histórica, a obsessão pelo frágil sonho americano, representado pelo prêmio Pulitzer que motiva o profissional, o filme permanece como uma joia rara, o tipo de produção audaciosa que nunca receberia o sinal verde hoje.
Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br” e no portal do jornalista Sidney Rezende. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.
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