Coisas para se dizer, um desejo de ajudar, sem intromissões: foi assim que a ideia deste texto começou. Deve haver verdade na frase que diz que a gente não precisa saber muitas coisas: já fica de bom tamanho e renova as energias se conseguir vivenciar algumas delas com naturalidade e paz interior.
Reside certo encanto no gesto de se permitir um olhar para o espelho das suas vontades: o que de você aparece nele refletido? Pretende-se falar aqui de obviedades que, sorrateiras, costumam passar despercebidas à nossa frente.
Podem ser vistas como desejos que querem um pouco mais de atenção. Mesmo sabendo que no reino das vontades sempre há espaço para o silêncio, para o deixar tudo como está, deve valer a pena exibir alguma vontade de mirar-se, de vez em quando: assim, muita coisa poderá surpreendê-lo, ao acontecer de maneira natural e prazerosa.
Para cada tópico desponta uma palavra-guia: pode-se, antes da leitura do restante do texto, deter-se um pouco para observar se eles fazem sentido isoladamente e se há harmonia em seu conjunto, respondendo a indagações internas sobre o que possam ter a ver com você.
Se nada disso lhe disser respeito diretamente, por se constatarem obviedades em seu mundo, quem sabe não traz algum chamamento que poderá ser útil a alguma pessoa em especial dentre aquelas com quem convive? Vamos lá, que o passeio pelas verdades interiores começou:
- AUTODIRECIONAMENTO: Concentrar-se mais nas ações, esforços e tentativas de aprendizado, refletindo a respeito e tomando decisões com base na realidade que lhe diz respeito diretamente, tirando o foco das conversas miúdas sobre a vida alheia, principalmente os deslizes e as transgressões deles que não lhe dizem respeito, por estarem no campo da subjetividade.
- TRANSPARÊNCIA: Reservar à Ética um espaço significativo nas diversas formas de se relacionar, a começar com uma boa convivência consigo mesmo: dizer menos vezes “sim” quando o seu desejo é negar irá poupá-lo de tensões, contrariedades, somatizações, todos com risco de desagradáveis consequências ao seu metabolismo.
- REVERÊNCIA: Quando fizer parte de uma roda de conversa, entender que quem está fazendo uso da palavra é, naquele momento, a pessoa mais importante do grupo, merecendo o respeito e a atenção de todos: convém, assim, controlar o ego e a ansiedade, não interrompendo quem fala, apenas para mostrar que sabe alguma coisa sobre o assunto.
- FOCO: Controlar a natural autodispersão (preguiça, não-priorização) quando a situação pede que direcione as energias na análise e resolução daquele problema em discussão. Cuidar, nesses momentos, para não atrapalhar quem está produzindo: fugir das brincadeiras bobas ou levianas inferências que em nada ajudam no dimensionamento e na compreensão do que está sendo discutido.
- COMPARTILHAMENTO: Difundir textos interessantes com habilitadas fontes no seu grupo de relacionamento é uma maneira afetiva de buscar maior participação na vida das pessoas. Nessa ação ajuda muito se for acompanhada de posicionamentos e indicadores de cenários, possibilidades, tendências, ou até mesmo indicação de leituras complementares.
- VALIDAÇÃO: Desenvolver a habilidade e entender a importância de fazer pertinentes elogios: em um processo de carência natural as pessoas tendem a necessitar ser validadas no dia a dia (os que parecem dispensar essa mesura apenas disfarçam melhor). Mostra uma grandeza e uma generosidade do ser e funciona como elemento balizador de suas condutas e do desejo de feliz
- CONSCIÊNCIA: Avaliar a pertinência de assumir – sempre que a situação o pedir – publicamente as suas posições, harmonizando o pensar, o falar e o agir: constitui uma maneira saudável de colocar em debate e fortalecer as suas convicções, além de manter distância da alienação (isolamento no mundo interior). Se convencido da inviabilidade da sua proposta, saber reconhecer o fato e dar méritos e créditos a quem o merece.
- CONSISTÊNCIA: Evitar fazer prejulgamentos: se resolver fazê-lo, por entender que a situação pede alguma ação sua, reunir um mínimo de evidências com consistência. Ter como propósito passar ao largo das leviandades que envolvem críticas negativas, depreciativas, incriminatórias ou ridicularizantes: o sofrimento alheio pede respeito.
- COMEDIMENTO: Ao ser atingido por comentários ou sentir-se prejudicado em algum acontecimento, procurar controlar a impulsividade e o ego: dificilmente a primeira ideia que vem à mente no caso mostra-se ponderada, adequada, abrangente. Antes do impulso de fechar questão bruscamente, correndo o risco de tornar pior a situação, oferecer à pessoa envolvida a chance do esclarecimento ou reposicionamento. Assim, a chance de injustiça e de arrependimento diminui consideravelmente.
- ABERTURA: Ao se abrir para o diálogo terá oportunidade de revisitar conceitos: podem naturalmente, por extensão, surgir aí algumas oportunidades de rever posturas que contribuam para o seu crescimento pessoal e paz interior, permitindo participar, por extensão, do crescimento de outros, no mínimo sendo uma referência.
- GRATIDÃO: Reservar olhares e gestos de reverência e agradecimento às pessoas e às experiências vivenciadas, tanto as que trouxeram felizes desdobramentos, como as que apresentaram frustrantes resultados. Talvez elas todas se justifiquem na linha do tempo e queiram ser vistas como necessárias etapas de um natural processo de maturação.
Cada possibilidade gosta de ser apreciada com distinção e delicada atenção, com espaços para as pausas subjetivas e reflexões. Ao final da leitura pode abrir-se um leque para entrarem em cena propósitos e acenos no campo das divagações que fomentam novas deliberações.
Quem se permite olhar para si pode despertar, também, alguns de seus adormecidos elementos para renovar os encantos com a sua realidade e o seu jeito de ser, como quem se redescobre: “Olhe só quantas virtudes eu cultivo e as pratico, sem me dar conta disso!”.
Reúne, por extensão, possibilidades de se abrir um pouco mais para o outro, havendo lirismo no gesto de dizer, uma vez mais, de diferentes maneiras, “sim” à vida, que se revigora, pulsando intensamente.
LOURIVAL ANTONIO CRISTOFOLETTI
Paulista de Rio Claro e residente em Vitória/ES. É mestre em Administração pela UnB – Universidade de Brasília, Analista Organizacional e Consultor em Recursos Humanos. Atualmente atua como professor na Graduação e MBA na FAESA – Faculdades Integradas Espírito-Santenses; Instrutor na UFES – Universidade Federal do ES e na ESESP– Escola de Governo do ES.
Livro publicado: COMPORTAMENTO: INQUIETAÇÕES & PONDERAÇÕES
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