Não existe uma etapa específica da vida para a chegada do amor. Essa afirmação seria ideal, mas cada um tem o seu tempo interior. Alguns, se curam logo de uma desventura amorosa e embarcam em outra relação sem olhar para trás. Outros, exercitam o amor próprio com a potência de um mantra, para só depois abrirem o coração.
A verdade é que, somos tão cheios de planos e regras para que o amor aconteça, que acabamos armando verdadeiras arapucas para o coração. O amor não precisa de ajuda, e infelizmente, muitas vezes, usamos o relacionamento anterior como bússola.
Há sempre um recorte do ex-namorado (a) assombrando a relação atual. O passado não passa e temos a mania de achar que a decepção vai se repetir. Sentimos medo de ter medo, e para evitar que isso aconteça, começamos a fazer “joguinhos”, enquanto o outro não entende a brincadeira. Está com o coração aberto, e ainda não sabe que pode ser usado como instrumento de liberação da raiva.
O amor, às vezes, chega cedo demais para quem ainda não desocupou o coração.
Para quem ainda explica o presente olhando o retrovisor do passado.
Para quem ainda está ilhado numa redoma de vingança.
Para quem ainda desconfia que pode ser amado somente pelo que é.
As pessoas são diferentes, e o amor aparece sob várias nuances.
Não há como entrar numa relação com as tralhas afetivas da anterior. Não há como desembarcar em outra vida, se o coração ainda evoca a presença de outra.
Descontar o fracasso do relacionamento anterior no atual é pura covardia e desrespeito com o próprio coração. Violação do sentimento do outro, que está ali desempenhando um papel genuíno num teatro que é só seu.