Por Josie Conti
As pinturas de Kathe Fraga evocam as paredes gastas , pintadas à mão de uma grande mansão antiga parisiense. Painéis decorativos trazem uma mistura do romântico vintage francês e pinturas chinesas.
Os Escritos De Nara Rúbia Ribeiro trazem delicadeza, encantamento e a poesia.
Na cominação abaixo: o tom poético é agraciado pela beleza estética.
Convido-os para um passeio pelas letras e pelas cores da sensibilidade.
O AMOR, ASSIM O SINTO
Por Nara Rúbia Rbeiro
Quando menina, o Amor era o peito presente da minha mãe. Ou o meu pai chegando suado, sujo e cansado
dos seus trabalhos braçais, dizendo-me: “Eô!!! O papai chegou!!!”
Um pouco maior, o amor era um grande circo, com malabares, palhaços engraçados e poemas flutuantes ou um grupo fadas-madrinhas, em suas asinhas translúcidas.
Aos quinze, o Amor era um príncipe que chegaria, tomar-me-ia em seus braços e me conduziria a uma terra de sonho e palácios, onde as rosas me reverenciassem e as estrelas me nutrissem de alguma seiva mágica, numa incandescente alegria.
Já adulta, o Amor tornou-se uma fera a rosnar pelos poros, a cegar-me o sentido no desejo de fundir-me ao outro. Furacão de desejos… Um cheiro libidinoso infiltrado na alma. O amor era o desespero da perpetuação da espécie.
Hoje, o Amor é tecelão a tecer-se em mim. É um sino que retine e me ensina o que não sei. É uma fresta na porta de minha ignorância e que me faz ver o quão mais sábia fui quando era uma pequena criança.
Hoje o Amor é um andarilho que me percorre a alma: sem pouso certo, sem forma fixa, sem afixação ao que vê.
Hoje o Amor é um lago a refletir a soma dos afagos que não tive, a amplidão dos corações que não amei, mas que estão ali, eu sei.
Hoje, o Amor é mais que dor, mais que emoção, muito maior que a razão.
O Amor é a pilastra que arrima o meu peito. É a rima que ritima o meu verso. É um cipreste que se alastra pelos astros do peito e faz com que eu me firme nas paragens etéreas.
É assim que eu o sinto. O Amor é o sangue da alma. É a maior metáfora da Suprema Alquimia a levar o oxigênio da vida a quem padeceu em extrema agonia.
NARA RÚBIA RIBEIRO
Nota da CONTIoutra: As lindas gravuras de Kathe Fraga foram encontradas no blog Modos de Olhar, indicado por Beatriz Arte Confeitaria. Nara Rúbia Ribeiro faz parte da equipe de colunistas do site e a artista Kathe Fraga reconheceu e autorizou a publicação.
Site oficial de Kathe Fraga