Não sou e nunca pretendo ser um especialista no amor. O amor é complexo demais para ter um único e definitivo caminho. Mas eu posso te dizer que sei de algumas coisas sobre o que não é amor, e a falta de respeito e reciprocidade estão no topo da lista.
A gente acha que pode atravessar qualquer perrengue, qualquer desconfiança e discordâncias em nome do amor. Porque temos essa ilusão de que quando ele é verdadeiro, tudo é possível. Grande mentira. É humanamente impossível o amor dar conta de tantas promessas e pormenores só por estarmos mergulhados nesse intenso sentimento, mas não funciona assim. Nunca funcionou. Quando queremos encontrar no amor as respostas para os desrespeitos e ausências de reciprocidade sempre nos damos mal.
Os erros, as escolhas ruins, os sofrimentos e expectativas quebradas, nada disso é com o amor mas com quem o subverte e muda os seus vários e honestos significados. Tem gente que não foi feita para o amor, pelo menos não para saber como transbordá-lo de uma forma que não sufoque, que não fira, que não seja individualista. Essa é a pergunta de inúmeros talvez quando o assunto é o amor. Talvez se eu isso, talvez se eu aquilo. Não, não é você.
Para quem ainda não entendeu ou tem o coração entrelaçado num tipo de nó que nem o descaso e destrato constante o fazem: o amor não é prisão. O amor é a liberdade máxima de ser vivida, experimentada. Quando alguém quer te privar disso, essa pessoa não te ama, ela não quer te proteger, ela não quer o melhor para você, ela te quer pra ela. Por falta de maturidade, por excesso de ego, por insistência de uma falsa boa companhia.
Portanto, o amor deve chegar sobrando e somando. Colocá-lo em modo avião e fingir que todos os problemas serão resolvidos com dizeres românticos após comportamentos traumáticos e acumulativos é desrespeitar e ser incapaz de reciprocidade consigo. Não vale a pena. Não vale o sorriso. Não vale o amor depositado.
Imagem de capa: Photo by Renato Abati from Pexels