Não adianta falar de amor e pouco sê-lo. O amor é lançar-se no desconhecido. Navegando em oceanos inóspitos, o tempo é mero faz de conta. Só aprendemos a reconhecer tranquilidade quando nos colocamos dispostos para alcançá-la. Nos detalhes cristalizados, mais carinhos, conversas e doses seguidas de querer mútuo.
Deixe de lado os dessabores. Esqueça que, um dia, lágrimas sobrepuseram os sorrisos. Saia dessa zona de conforto à espera de um colo sereno. Só podem amar e serem amados os que derramam vivacidade pelos poros. Se no passado, o tombo externou cicatrizes, hoje é possível vislumbrar outras marcas. Corra para os braços arqueados, mergulhe nos lábios transponíveis e, sem ignorar a si, permita-se desfrutar daquilo que os incrédulos não conseguem visualizar, a alma do outro. Todos os gestos são válidos.
O amor é um esforço imponderável. Nele, não cabem raízes e regras fundamentadas por um egoísmo dissipado. É um estado sinestésico em processo de ebulição dos maiores desejos e cuidados. Gentileza, admiração e soma. Nos dias mais intranquilos ou nas noites mais tempestuosas, é traçar caminhos distintos de mãos dadas para um novo patamar. Amamos com facilidade, mas desistimos com frequência. E quem irá, no fim, salientar o desespero? Um pouco mais tudo. Principalmente, calma.
O amor é coragem e um punhado de sorte para os distraídos. Porque da mistura incandescente dos olhares e escolhas triviais, reside a construção desse organismo vivo, quente e necessário para todos nós. E não há nome para ser dado, forma para ser ornamentada e, ainda menos, voz para ser única. Ele pode surgir num instante e desmoronar no momento seguinte, mas, cá pra nós, entre o aceno e a partida, apenas os desbravadores sabem o gosto úmido do espumante amor. Perca-se.
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