Ela disse “oi” e ele, assim sem jeito, respondeu “olá “. Quando a música terminou, ambos continuaram dançando. Era um jazz. Era um amor desses pra ficar bem juntinho.
Dizemos não nos importar com a ausência do romantismo, mas gostamos de sermos lembrados, com carinho e carícias, dos possíveis motivos e indícios de ali estarmos. As mãos dadas sugerem uma comunhão de corações. Corações bem vindos para amor. Não fosse a admiração mútua, o gesto seria apenas um cumprimento automático de quem não quer estar sozinho, e ninguém merece ser apego do outro. O amor é sentir e também escolha. Escolha no sentido de estabelecermos sua extensão e permissão para seguir adiante. Negar essa liberdade é maltratar o próprio amor.
Mas o ser romântico ganha vida em ir ao encontro de sua essência, a qual depois dos dedos entrelaçados, os sorrisos são bem vistos e acolhidos. Porque sorrir para si é bom, mas escancarar a alma nos dentes para o outro, incomparável. Não é sair porta afora demonstrando felicidades sem fim, não. Contudo, colocar-se disponível e em direção a novos prazeres faz palpitar até o mais frio dos corações. E como precisamos experimentar. Conceder-nos a oportunidade de vivenciarmos momentos que não sejam resumidos por noites de porres e choros na frente da tevê.
O romantismo é construído, despretensiosamente, com abraços. Após os abraços, muitos beijos. Intimidades compartilhadas por quem não sente vergonha de sentir. São formas do mais amor, ainda que não haja necessidade de palavras para descrevê-lo. Pra quê? Caminhar a dois rumo ao misterioso. Descobrir, dia após dia, o significado do relacionamento. Mas juntos. Sem deixar num canto qualquer todas as expectativas, pois elas fazem parte da melodia. Saber do ritmo um do outro é fundamental para não pisar nos pés do amor.
O amor é jazz, assim bem juntinho. Mas não há problema no caso de você não saber como se dança. Desde que tenha a composição em mãos, abraços e lábios, eu fico bem mais perto. Juntos e nos nossos passos.