Infelizmente, o mundo caminha a passos largos rumo ao desamor. Mas ainda há quem acredite na forma mais sublime do sentir, como a única arma recorrente para tantos desafogos. Perceber que, em pleno século XXI, a humanidade seguidamente vai demonstrando doses de intolerância e desrespeito contra o amor livre é preocupante. Qual é o problema de entregar o coração para alguém do mesmo gênero? Argumentar religiosidade e fatores culturais tradicionais não justifica a lástima ignorante que é reprimir, humilhar e tirar vidas. Ao mesmo tempo em que a tecnologia e a ciência permitem um maior entrelaçamento entre as pessoas, elas também estão afastando. Com doses de ódio, descabimento e egoísmo.

O momento é delicado politicamente em diversos países no globo. A economia mundial capenga cada vez mais desigual nas mãos de administradores duvidosos, e ainda assim, quando deveríamos encontrar um ponto em comum para união, escolhemos desbravar a desunião. Qualquer assunto a ser debatido, seja na mesa de bar, ou, na tribuna das redes sociais, encontra-se achismos, desvios de conduta e, até mesmo, discursos premeditados. Como achar normal alguém dizer que fulano, ciclano ou beltrano merece morrer? Do crime mais mundano ao mais estapafúrdio, confessar uma empatia selecionada dá no mesmo que abraçar o desamor. Nenhuma religião prega isso. Nenhuma fé compartilhada abraça tanto ódio. Somos nós, indivíduos agrupados em diversos convívios diferentes que, acostumados por preceitos próprios, desvirtuamos, manipulamos e disseminamos atrocidades. Não é passar a mão na cabeça de quem fez algo errado. A justiça, elaborada da forma que foi, é responsável por julgar culpados. E ainda que não fosse, onde começa e termina o nosso direito de punir e perdoar? Sério, qual é o problema de entregar o coração para alguém do mesmo gênero? Educação é uma formação por meio de vivências e leituras a serem consumidas não apenas nas instituições de ensino, mas também em casa e nas ruas. Não concordar com relacionamentos de pessoas de outros gêneros que não sejam entre homens e mulheres, pode até ser um direito intransferível, mas, a partir do momento no qual isso é manifestado, por meio de ações, gestos e palavras, é errado – mas pasmem, os relacionamentos são heterogêneos desde muito tempo antes da concepção de religiosidade conforme conhecemos hoje. Isso é fato. Escrito e comprovado por meios históricos e científicos.

Paremos por alguns minutos. Não é o amor, o direito universal da própria escolha em transbordar livremente? Se não for, paremos de abraçar a poesia por aqui mesmo. Somos efêmeros.

Gui Moreira Jr

"Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro"

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