Somos levados a acreditar que o amor é uma busca. Um querer tão palpável que é possível encontrá-lo assim, dobrando a esquina. Mas tudo isso não passa de uma idealização, porque algo tão pleno quanto o amor desconhece mapas. As mãos suam, o coração transborda e a fala fica diferente e você nem percebe. É a partir da distração que o amor acena na sua direção, e não quando se mantém o olhar fixo num norte.
Mas antes de notar a sua desenvoltura, antes de reconhecer os abraços e, até antes mesmo de receber o amor de outros lábios, não se esqueça de encontrar o amor que reside em si. Essa sim uma jornada viável. Só então, depois do âmago galopante fizer morada que estaremos aptos para cruzar com esse amor vindo dos lugares mais improváveis. No princípio você não verá um rosto, mas pequenos vislumbres. Há dias em que prevalecerão sorrisos, noutros gentilezas gratuitas e, mais à frente, a paz diluída nos olhares. E retirando a armadura emocional de quem vai lutar na guerra, mas que não quer se machucar, você finalmente encontra-se com a alma receptiva. Já não há necessidade de alcançar outra mão a todo custo, porque ela veio até você, no tempo dela.
Parece absurdo colocar tamanho sentimento nas linhas da vida justamente quando o que mais se quer é ter o vazio preenchido. Mas não tenha pressa. Não atribua o sentir como quem está diante de uma cruzada amorosa. O amor é quem encontra você.
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