Imagina estarmos vivos hoje, sem que, na nossa essência, tivesse algo tão natural como o amor. É só por amor que você pôde ser gerado, é só por amor que você pôde ser nutrido, é só por amor você poder respirar e todo o seu corpo funcionar, é só por amor que você pôde ser cuidado, é só por amor que você pôde se desenvolver.
Imagine agora: entra ar, sair ar das suas narinas; o pulmão realiza a troca gasosa; o coração bombeia o sangue; as células se desenvolvem e multiplicam; é realizada a digestão e absorção do alimento que você comeu; o seu esqueleto e seus músculos o sustentam e proporcionam seu movimento; seu cérebro trabalha e seus pensamentos não param; você sente o cheiro, o toque, o gosto, vê e ouve. Nossa, quanta coisa acontece; e o que será que sustenta ou o que gerencia isso tudo? O melhor significado que tenho para isso: o Amor.
Pense nisso numa forma mais ampla: sociedade, florestas, oceano, o ar, os planetas, todo o sistema solar. Se não fosse o amor, nada disso poderia existir. Sabe quão difícil é ter vida em um planeta?
Percebendo isso, eu parto da teoria de que somos feitos de amor. Pela Física, isso pode ser uma grande tolice; queremos ver moléculas, átomos, prótons, quarks. Pela Física Quântica, talvez não, mas isso é algo que não estamos aqui, nesse momento, para provar.
Para deixar mais claro, vamos fazer uma analogia à eletricidade. Você não é capaz de ver o movimento dos elétrons (não a olho nu), mas é capaz de ver os efeitos da eletricidade sobre determinados materiais. Você consegue ver a luz visível gerada por uma lâmpada, ouvir o som reproduzido em um aparelho de som, acessar uma foto salva em um pendrive, aquecer a água em um chuveiro elétrico, ver o motor de uma máquina de lavar girando, e por aí vai.
Com o amor é a mesma coisa, o amor está em todos os lugares, inclusive em todos nós, mas apenas vemos os seus efeitos em cada ser ou objeto.
O carinho que temos por um cachorro é um efeito desse amor que carregamos, a afeição que temos por um amigo é o efeito desse amor que carregamos, o relacionamento amoroso que temos é efeito desse amor que carregamos, nossos sentimentos por nossos familiares são os efeitos desse amor que carregamos. Assim como a eletricidade, que uma hora vai ser transformada em uma luz visível, em calor, em movimento, em bits e bytes, o nosso amor também vai se transformando nessas formas de relacionamentos. Cada forma é única e incomparável.
Temos aí uma coisa que pode ser uma novidade: nós não deveríamos comparar os efeitos do amor do tipo: a quantidade de amor, a quem amo mais, qual o predileto, o preferido, qual é o amor mais forte.
Deveríamos, sim, diferenciar os seus efeitos: daquela pessoa eu escolho ser apenas conhecido, de outro escolho ser apenas colega, de outro escolho ser amigo, com outro escolho termos um relacionamento amoroso, outros são e serão sempre nossos pais, irmãos, avós, tios.
Quando deixamos de ter essa relação próxima, seja por escolhas nossas ou por questões “além da vida”, o amor não morre, ele não desaparece e ele não seca. Ele continua presente, mesmo não se tendo mais relações físicas com essas pessoas.
Por essa lógica, seria errado dizer que o amor acabou. Na verdade o amor não acabou, apenas a forma de relacionamento que vivíamos. Daí pode acontecer uma nova forma de relacionamento, ou então a opção de não se relacionar mais com essa pessoa.
“A situação mudou, assim como a nossa forma de se relacionar. Mas jamais poderei dizer que não te amo, assim como jamais poderei acreditar que você não me ama.”
Podemos amar e não conviver (por conviver ser apenas uma opção), podemos amar e ter raiva (por raiva ser apenas um sentimento), podemos amar e odiar (pelo ódio não excluir o amor e sim transformá-lo em algo negativo) e podemos amar e saber que nunca mais veremos a outra pessoa (por ela não estar mais presente, mas o amor sempre estará).
O que acontece é que queremos negar isso tudo. Isso vem do fato de que só aprendemos a agir assim. Ninguém nos ensinou a pensar e ser diferente, daí aceitamos a teoria de quem veio antes de nós e da sociedade como um todo.
Mas isso não quer dizer que estamos fadados a viver assim. Agora, nesse exato momento, podemos agir diferente.
Para fazer no AGORA:
- Pense em todas as pessoas que convivem com você no dia a dia, imagine dizendo a elas, frente a frente, que você as ama - a cada uma – e que, embora o amor se expresse de forma diferente, ele existe de forma única em vocês.
- Agora pense nas pessoas com que você perdeu contato, imagine dizendo a elas, frente a frente, que você as ama – a cada uma -, que, embora vocês não se vejam mais, o amor sempre estará com vocês.
- Agora, pense nas pessoas pelas quais, em você, acabou sendo gerada alguma raiva ou ódio, imagine dizendo a elas, frente a frente, que você as ama - a cada uma -, que, embora você carregue esse sentimento, o amor é o que vocês são.
Você não precisa se justificar, não precisa voltar a ter contato. Apenas deixe de negar o amor, limpe isso em você. Deixe o amor fluir, não coloque resistência. Toda a resistência vai somatizar no seu corpo, na sua psique, na sua alma. Você não precisa disso.
Citação:
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1 Coríntios 13)
Para finalizar:
Você pode também estar se perguntando de todas as atrocidades, assassinatos e maldades que acontecem, cade o amor?
Ele está ali, só que aquela pessoa, ou grupo de pessoas, não aprendeu a produzir bons efeitos com isso, como fazemos eu e você. Assim como a mesma eletricidade acende uma lâmpada e aciona uma bomba, o mesmo amor dá a luz a um filho e mata por uma relação não correspondida ou por uma “religião” deturpada.
Para saber mais sobre o amor em objetos, veja o livro, artigo, reportagem, palestra ou filme “O poder da água” de Masaru Emoto
Que você enxergue o amor por onde quer que vá. Que você recorde que o que vemos está dentro de nós. Que você se reconheça amor.
Imagem de capa: Kichigin/shutterstock