Um dos principais erros cometidos em relação ao amor é entendê-lo tão somente como uma sensação agradável que se experimenta por acaso. Não há duvidas de que os acasos façam parte do amor, afinal, este possui um encantamento que foge à razão e, como diz Kundera: “Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se encontrem nele desde o primeiro instante […]” Todavia, o amor vai além e requer esforço e desprendimento.
O amor, desse modo, depende muito mais do amante que do ser amado, embora se ache o contrário. Enquanto estamos preocupados com o amor que o outro nutre por nós, não conseguimos sair da esfera individual, em que a relação deve ter como princípio basilar o meu favorecimento. Não que a reciprocidade não seja importante, muito pelo contrário, mas uma troca estabelecida sob esses pilares tende a ruir, haja vista a separação entre os amantes.
Somente quando entendo que o amor é uma ação positiva, que vai além de um caso episódico, posso entender que devo estabelecer-me de forma criativa na relação, em que de fato olho o outro como o polo principal ao qual devo dar-me. Assim, livro-me de uma ideia de compulsão e enxergo-me como um ser livre que decide estar fundido a outro. Dito de outra forma,
“O amor é uma ação, a prática de um poder humano, que só pode ser exercido na liberdade e nunca como resultado de uma compulsão.”
Sendo assim, o amor é uma construção, uma ação positiva, em que me entrego ao outro. Busco destruir a parede que me separa do outro, de modo que possa construir memórias junto com o outro e compartilhe sentimentos, alegrias, dores, angústias e prazer. Ou seja, dou, ao outro, o meu melhor, tudo o que há de mais vivo em mim e que, necessariamente, o tornará mais vivo.
“Que dá uma pessoa a outra? Dá de si mesma, do que tem de mais precioso, dá de sua vida. Isto não quer necessariamente dizer que sacrifique sua vida por outrem, mas que lhe dê daquilo que em si tem de vivo; dá-lhe de sua alegria, de seu interesse, de sua compreensão, de seu conhecimento, de seu humor, de sua tristeza – de todas as expressões e manifestações daquilo que vive em si.”
Em uma sociedade em que o egoísmo é tão presente, torna-se difícil imaginar uma relação em que entrego o melhor que possuo a outra pessoa. No entanto, quando não consigo dar-me ao outro, isento-me da relação e, por conseguinte, do amor. Não consigo perceber como é enriquecedor tornar a vida do outro mais prazerosa e estar presente quando este necessita de um ombro amigo. Não consigo sentir alegria em proporcionar um sorriso em um dia triste. Não consigo perceber a potência que há no ato de dar.
Desse modo, torno-me um cego que não se preocupa com o erguimento da relação, pois somente quando me dou isento de uma recompensa, preocupo-me de fato com o crescimento do outro. Somente quando torno o outro maior do que é, construo bases fortes em uma relação. Uma vez que,
“De modo mais geral, o caráter ativo do amor pode ser descrito afirmando-se que o amor, antes de tudo, consiste em dar e não receber.”
Isso não significa, mais uma vez, a desimportância da reciprocidade, mas, antes, a sua reafirmação, pois, em uma relação em que ambos entendam a sua importância na relação, isto é, enxerguem-se como sujeitos ativos, há uma troca muito maior e verdadeira de amor, uma vez que o ato de dar do seu melhor ao outro representa a mais alta vitalidade e alegria de que o amor pode se revestir.
Quando me entrego verdadeiramente, transmito a sinceridade necessária ao amor. Torno-me mais forte ao esforçar-me pelo outro. Torno-me mais feliz ao plantar poesias no coração do ser amado. Torno-me o melhor que posso ser ao dar ao outro o que mais ele precisa. Quando entrego ao ser amado aquilo que há de mais precioso no coração, recebo um amor que renova os ânimos e acalma a alma, porque, inegavelmente,
“O amor é uma força que produz amor.”
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