Talvez seja verdade que a gente não possa escolher por quem transbordamos amor, mas isso não quer dizer que precisamos aceitar qualquer um e qualquer coisa, tudo em nome dele. O amor pode ser filtrado antes de servido.
Quando alguém diz que já sabe o que não quer passar em um relacionamento, essa pessoa não está sendo fria, calculista e muito menos descrente dos desdobramentos do amor. Pelo contrário, ela está demonstrando amadurecimento e um profundo entendimento das características do próprio. Porque ela sabe, por dentro e por fora, que o amor real não é um jogo de privações e sentimentos descabidos.
E falar do amor filtrado, também não é necessariamente falar sobre gostos pessoais. Sobre uma música, um filme ou um livro que o outro deveria gostar. Um relacionamento encaixado assim é daquelas sortes que não ninguém consegue planejar. O objetivo de filtrar o amor é não deixá-lo passar do ponto. Dos ciúmes até os toques mais sutis e agressivos – tanto emocionalmente quanto fisicamente. Mas você também pode acrescentar outras questões no filtro.
Reciprocidades ensaiadas e sem tesão, dispense. Saudades cobradas ou impostas, passe longe. Ausência de paciência, admiração de um lado só e meias verdades, desista. Aguentar certas situações na expectativa de que o amor melhore é postergar o inevitável. Tem relacionamento que se torna base pra gente não suportar ou ferrar com tudo. Aprenda com ele.
Quando você se encontra após tantos amores falidos, você aprende a identificar quem veio para ser causa ou consequência do amor. Se veio para somar, para trazer leveza e o novo, maravilha. Quer dizer que o filtro funcionou. Mas se chegou através de um carinho capenga, desinteressado e, principalmente, fingindo ser algo que não é, talvez seja o momento de rever o próprio amor.
Ficar ou não com quem amamos é uma escolha. Está ao alcance de todos olhar para o lado e sentir se é pra valer. Se o nosso sentimento está sendo bem recebido e cuidado. Encantos têm prazo de validade. Mas o amor filtrado, esse dura se preparado corretamente.
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