Já vi muitas pessoas suspirando de amores quando acabam de ver um filme de romance e dizerem: “Isso só acontece na ficção, na vida real não é bem assim” – em tom de desapontamento.
Realmente, a realidade é bem diferente dos filmes romanceados que vemos por aí. E, na maioria das vezes, esse é o nosso problema, porque idealizamos demais algo que foge do certo e errado, algo que não se enquadra em padrões e, como conseqüência, estamos sempre nos decepcionando quando o assunto é esse tal do amor. Idealizamos um amor que está longe de ser e de acontecer, porque ele não segue essa lógica idealizada. Na vida real, o amor enfrenta o medo, encontrando, como bloqueio, as diferenças e a insegurança.
Nem sempre o cara vai levá-la para um jantar à luz de velas e o primeiro encontro será perfeito, daqueles que você chega em casa suspirando e corre contar às amigas. Nem sempre ele vai ligar incansavelmente, até você atender, logo depois do primeiro encontro. Talvez, na realidade, as coisas sejam um pouco diferentes. Talvez vocês se conheçam comendo um “dogão”, lambuzando-se de sorvete e rindo de coisas bobas em uma noite qualquer. Talvez ele vá de bicicleta vê-la e não meça esforços para arrancar um riso seu.
Pode ser que o cara não seja o mais desejado pelas mulheres, não tenha tantas curtidas nas fotos, deteste academia e não abra mão de assistir a um jogo de futebol no domingo à tarde. Talvez ele seja aquele que a beija na testa enquanto esperam o elevador, que a leva ao cinema para ver aquele filme que você tanto quer e a deixa escolher o sorvete do Mc Donald’s.
Talvez ele seja aquele cara simples, com o coração gigante, que a encanta a cada dia, que a abraça quando você está triste e que sussurra em seu ouvido: “eu estou aqui com você”.
Pode ser que ele seja o homem que a olha como quem admira e, depois, diz o quanto você está linda, como quem espera o seu sorriso tímido disfarçado de amor. Aquele cara que olha nos olhos sem medo do silêncio, sem medo do que possa vir depois, e que encare as tempestades com você.
Talvez ele seja o cara que ame a sua paixão por comida e sabe que a levar para comer um lanche com muita batata palha é o certo para fazê-la feliz. Talvez ele não seja um príncipe, como nos contos de fadas, e tudo não aconteça tão rápido quanto nos romances, mas é que, na realidade, as coisas são diferentes.
Talvez ele seja o grande amor da sua vida, um amor que não se enquadra nos seus padrões. Pode ser que ele seja o cara que realmente a deixa à vontade para ser quem você é, aquele que dá a liberdade para soltar a sua risada escandalosa, e a deixa à vontade para contar aquela piada sem graça de que ninguém ri.
Pode ser que você esteja idealizando demais, vivendo de menos, esperando muito e se decepcionando em dobro, deixando de ser feliz com quem realmente faz você feliz. Saia dos padrões, liberte-se dos status e permita-se, afinal, o novo é bonito e não assustador como parece.
O amor, na vida real, é mais bonito do que o de conto de fadas; não nos garante finais felizes e nem um príncipe encantado, mas nos garante um coração disposto a amar, faz-nos amadurecer e melhorar tanta coisa em nós, que é bonito ver a evolução de nós mesmos com o tempo e com o outro.
O amor, na vida real, permite-nos pisar em terra firme e, ao mesmo tempo, alçar vôo, como quem deseja viajar no mundo do outro. O amor dos contos de fadas, dos filmes romanceados, tem a sua trilha sonora, mas como é bonito se reinventar e poder escolher a nossa própria melodia.