O amor não é sacrifício. Se você está fazendo um esforço descomunal pra provar que ama alguém, você está exercendo uma função, não está amando.
O amor escapa aos conceitos rotineiros, às definições limitantes. Sabe-se dele pelo susto da descoberta. Pela espontaneidade da entrega. Pela surpresa. Pelo caráter inédito das ações.
O amor não cobra adicional noturno. Não faz conta das horas gastas durante uma longa conversa. Não vai reclamar da cara suja de sono dizendo que perdeu a noite enquanto poderia descansar.
O amor nunca é pontual nos regressos. Nunca acerta os ponteiros. Não sabe a hora de voltar pra casa. Fará jornada ininterrupta se for preciso. Caminhará de mãos dadas de madrugada como se fosse feriado.
O amor nunca perde a oportunidade de eternizar a companhia.
Funda o próprio tempo baseado na intensidade que distribui, no querer atento que compreende o outro pela mímica do olhar, pelo desespero das mãos que buscam o esconderijo quente dos abraços.
O amor não precisa de comprovação de renda. Vive da própria busca, da atualização de si mesmo, é a própria riqueza imanente.
O amor dispensa a necessidade do julgamento. Não vai cobrar do outro o sentimento que ele ainda não tem.
Não vai culpar o outro pelo que ainda não descobriu. Pelo que ainda não sabe dar. Pelo que ainda não aprendeu. Pelo que ainda não é.
Não vai rebaixar um sentimento que ainda engatinha, pra dizer que ele é pequeno, sem futuro. Não vai censurá-lo nem desmerecê-lo pela forma como se doa.
O amor não se sustenta na necessidade de fixar ações, de cumprir metas de encontros e prazos pra deliberação de beijos.
O amor não é uma obrigação. Não é um emprego. Não tem cláusula contratual.
O amor é um golpe na rotina. Uma sensibilidade espontânea. Não é sacrifício nem exercício de comiseração. Nasce do desejo de liberdade mútua. É uma afronta para qualquer planejamento. O amor é a predisposição de caminhar junto e se necessário for, construir a estrada.
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