O amor plural em um presente de natal

As luzes do Natal piscam nas janelas das casas, clareiam as fachadas vultosas dos edifícios e enchem de magia as vitrines e ruas, alertando que o ano logo mais irá terminar. Alguns começam a pensar nos presentes comemorativos e nos cálculos para fazê-los caber nas intenções e no orçamento, já outros, em contraponto, se aborrecem e profanam o hábito de trocar presentes.

Um mesmo ato, o de presentear, é dito e vivido de diferentes formas por inúmeras pessoas.
Não se pode afirmar ao certo quando surgiu essa tradição de trocas – especula-se muito a respeito – no entanto, sabe-se que ela foi largamente inspirada pelos três Reis Magos ao presentearem Jesus em seu nascimento e, que foi o Papa Libério que a oficializou em 354 d.c.

Eu particularmente tomo o presentear como um ato simbólico que nos propicia, ao nos colocarmos no lugar do outro, uma chance de ver, sentir e provar o mundo de acordo com uma visão diversa da nossa, o que é algo, no mínimo, enriquecedor.

No fundo não importa se você vai comprar ou fazer um presente. No fim das contas o que importa mesmo é o tempo que você irá dispensar, de bom grado, pensando carinhoso na pessoa que irá presentear. Seus gostos, suas predileções, suas afinidades, suas sensibilidades, tudo isso conta na hora de escolher um mimo.

Infelizmente, a busca por presentes vem sendo contagiada por uma certa automação. Não é difícil encontrar aqueles que deixam para pensar nas lembranças natalinas na última hora e, munidos de uma agitação descontrolada, saem para as ruas com o intuito de liquidar uma obrigação.

Ao sentar-se para pensar o Natal e seus presentes, o faça com calma. Se for de sua vontade fazer com as próprias mãos o que irá presentear, não hesite. Liste os amigos e familiares que encontrará nas festas de fim de ano e, na frente do nome de cada um, escreva ao menos três características próprias de sua personalidade. Busque saber mais sobre seus gostos, sobre suas afinidades. Pesquise quais tipos de filmes ou músicas curtem, quais são seus livros preferidos. Assim fica mais fácil presenteá-los carinhosamente com uma comida, com um artesanato ou com um presente providenciado com apreço e atenção.

Muitos discriminam a troca de presentes natalinos, alegando que existe nisso apenas uma intenção comercial. Não há nada de mau em ser contra datas comemorativas, o ruim mesmo é afirmar o sê-lo sem ofertar aos demais uma palavra amiga, um abraço sincero ou até mesmo um livro usado com mensagens especiais.

Existe uma automação desconcertante em dar e em não dar presentes. É nossa a opção de tomar a possibilidade de trocas como algo enriquecedor.

Um presente é uma representação física do que um dia viajou do nosso coração até o pensamento e de lá ganhou o mundo na forma de uma ideia materializada.

Presenteie com o seu melhor, seja através de uma torta feita por suas mãos, por meio de uma poesia suave declamada por você ou através de um presente comprado com afeto. Assim, não haverá erro ou desconcerto algum.

Não importa se você é do time que torce contra ou a favor das trocas de presentes no final de ano, o que importa de verdade é a sua disposição para amar.

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(texto de ficção – imagem de capa meramente ilustrativa)







Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.