Marcel Camargo

O amor pode até acabar, mas o respeito não

Tenham ou não filhos, tenham ficado muito ou pouco tempo juntos, se houve carinho e luta e, apesar de tudo, o amor não permaneceu, que restem as boas lembranças e o respeito de um pelo outro.

O amor não é uma certeza eterna, quando se trata de um relacionamento a dois. Muitas são as razões dos términos, não cabendo a nós julgar as razões de cada um, uma vez que somente os parceiros é que viveram a intimidade de perto, conhecendo o melhor e o pior de cada um. No entanto, ainda que não haja mais amor, há que se manter o respeito entre as partes, por tudo o que já viveram juntos.

Nem todo casal sobrevive à rotina do cotidiano massacrante a que somos subjugados e aos problemas que insistem em aparecer pela frente, ainda mais com a crise econômica que assola o nosso país. Muitos se esquecem de tentar deixar os problemas do lado de fora dos lares e, quando os mesmos adentram os domínios de nossas casas, acabam ocupando espaço demais, empurrando e emperrando a afetividade de cada um.

Nessa toada, acabamos nos esquecendo de olhar nos olhos do parceiro, de lhe perguntar sobre sua vida, de tocar, de sentir, de estar junto enfim. Pouco a pouco, o amor não consegue mais encontrar terreno onde se regue verdade e reciprocidade, trazendo distância de corpos e de almas. Assim, acaba a cumplicidade, arrefece o desejo, diminui o interesse, aumenta a solidão, cresce o vazio, agiganta a tristeza. E fim.

Entretanto, mesmo que não haja mais sentimento amoroso, é ruim deixar de manter o respeito por quem viveu tanta coisa junto com a gente. Mesmo que não queiramos mais continuar perto de alguém, não poderemos nos esquecer de que já amamos esse alguém, de que tentamos construir a felicidade de maneira limpa e verdadeira, de que já fomos amantes e nos vimos despidos, de corpo e alma. Caso não tenhamos sido aviltados em nossa dignidade, caso não tenhamos sido desrespeitados como pessoa, tudo o que foi vivido deverá ser respeitado.

Tenham ou não filhos, tenham ficado muito ou pouco tempo juntos, se houve carinho e luta e, apesar de tudo, o amor não permaneceu, que restem as boas lembranças e o respeito de um pelo outro. Já se disse que é preciso maturidade para se separar de alguém. Mais do que isso, é preciso manter o respeito por quem já amamos um dia, porque amar, em si, já é bom demais. Amemos!

Imagem de capa: Ollyy/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Noivos fazem casamento no cemitério e dividem opiniões na internet

Uma cena inusitada e carregada de simbolismo marcou o Cemitério da Saudade, em Sumaré (SP),…

8 horas ago

Igreja usa IA para simular Jesus em confessionário e gera polêmica

Na charmosa cidade de Lucerna, às margens do Lago dos Quatro Cantões, encontra-se a histórica…

8 horas ago

“Eu comprava coisinhas na Shopee e hoje fecho publicidades de mais de R$ 30 mil”, diz Jeniffer Castro

Jeniffer Castro, bancária que ganhou notoriedade após se recusar a trocar seu assento na janela…

20 horas ago

Você conhece o dorama proibido para menores que está escondido na Netflix?

A mais ousada e provocante das séries japonesas disponíveis na Netflix talvez ainda não tenha…

23 horas ago

7 hábitos diários que podem estar te impedindo de seguir em frente

Muitas vezes, a sensação de estagnação, aquela percepção de que não estamos progredindo em nossas…

1 dia ago

Saiba qual é a posição ideal do ventilador para refrescar o ambiente

Com as temperaturas em alta, encontrar formas econômicas e eficientes de aliviar o calor é…

1 dia ago