Com passos trêmulos, mas determinados, e com lágrimas nos olhos da mãe, do noivo e do pai, eles adentravam de mãos dadas pelo salão que aconteceria a cerimônia de casamento mais linda que já vi!
Enquanto se colocavam aos pés do altar, ao som do violino uma melodia clássica era cantarolada por uma voz resplandecente, enquanto o primeiro casal de padrinhos se posicionava à porta do salão para entrar. Era o mais esperado para ser contemplado, porque ela, a madrinha, estava acompanhada pelo irmão mais novo do noivo, que a segurava firme e carinhosamente pelo braço, para que ela conseguisse chegar até lá.
Elegante, esguia para os seus 82 anos, ao lado de seu par, ela caminhava lentamente porque carregava na coluna doente um acidente da vida, em contraponto aos olhos dos convidados que os admiravam com fugacidade, tamanha eram a doçura e leveza daquele casal, além da persistência dela.
No tapete de espelho por onde passavam, a imagem dos dois se refletia nos olhos do noivo, que sem conseguir conter as lágrimas, se enternecia com aquele momento único, ímpar, singular; tanto pela imagem a que assistia quanto pela emoção que retratava aquele momento, que efêmero, sereno, ávido de alegria e suavidade parecia não terminar.
Ela, a matriarca da família; o noivo, o neto primogênito, filho do filho primogênito dela: o encontro de gerações que marcará para sempre aquele curto espaço de tempo, com certeza eterno nas lembranças dos três. E enquanto aquela emoção acontecia, outros padrinhos compunham o ambiente do cenário…
Foi quando a melodia anunciou a entrada da noiva e uma emoção maior tomou conta do noivo: a sua amada surgia de braços dados com o pai, formosa em sua beleza peculiar e exuberante em seu vestido alvo, límpido como as nuvens em um dia claro de sol.
Ela trazia consigo um sorriso no rosto e também no olhar e, ao atravessar o tapete que espelhava as cores das flores brancas, sua imagem refletia nos olhos de todos, estupefatos com a beleza dela, dos olhos vivos e sorridentes e da formosura que ela trazia em sua essência.
Durante a cerimônia, o sacerdote ofereceu aos noivos e a todos, suas palavras poéticas e filosóficas, enfatizando a ética, a cumplicidade no amor, na amizade, na saúde e na doença e igualmente, o respeito mútuo e o companheirismo para o resto da vida. E ao som da Ave Maria, a benção das alianças e uma promessa para que o “amor fosse eterno enquanto durasse” culminou o enlace daquela união, que emotiva, motivou a emoção também de todos os convidados.
Ao som de uma nova melodia alegre e esfuziante, os noivos desfilaram sua felicidade naquele tapete espelhado, convidando os pais e a todos para a grande festa, linda, harmoniosa, requintada que os esperavam do outro lado do altar.
E a matriarca – resistente – assistia ao prosseguimento daquela noite que adentrou a madrugada cheia de estrelas e continuou na manhã que abriu o sol, que sorria para o dia e para nova vida que nascia para eles, para aquele casal que carregava no amor uma vida de esperança!
Imagem: IVASHstudio/shutterstock
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