Elisângela Siqueira

O casamento na pandemia. É possível manter uma relação saudável?

Antes da pandemia chegar e se instalar no país, nossa vida acontecia muito mais fora de casa do que dentro dela. Nos dividíamos entre o trabalho in loco, eventos sociais, academia, festas, encontros com os amigos e tantos outros compromissos e para muitas pessoas, estar em casa só era possível no período da noite.

A pandemia nos exigiu ao isolamento, nada de festas, passeios e encontro com os amigos. Fomos obrigados a nos recolher em casa e conviver 24 horas por dia com as pessoas que escolhemos para dividir e compartilhar nossas vidas.

E se antes não precisávamos olhar com profundidade as nossas escolhas, o isolamento nos obrigou a isso. E muitos casais têm sentido dificuldade de se conectar e repensado a relação marital.

O isolamento e a pandemia, além de nos obrigar a olhar as escolhas que fizemos para a nossa vida, trouxe a sobrecarga da preocupação com o trabalho, a economia e saúde de toda a família. Portanto, se sustentar a harmonia do casamento e do convívio familiar já era complexo, esse assunto tornou-se ainda mais difícil nesses tempos.

Há casais que conseguiram se conectar mais, já que os atravessamentos da vida social deixaram de existir. Entretanto, a maioria das pessoas estão sentindo muita dificuldade de manter a conexão com o seu cônjuge e consequentemente, se afastando e muitos até pensam seriamente no divórcio

Algumas dicas que podem ajudar a reestabelecer a sintonia do casal neste momento de pandemia:

1. É mais comum a mulher estar sobrecarregada com o trabalho, tarefas domésticas, filhos e tantas outras coisas. Se você se encontra nesse lugar, converse com o seu parceiro, explique que precisa de ajuda.

Dividam as tarefas por igual, isso é importante. Aprenda a deixar o companheiro fazer as coisas domésticas do jeito dele, pois ainda temos muita dificuldade nesse quesito e é um dos motivos que nos sobrecarregamos.

2. Manter a individualidade. É importante que mesmo dividindo os mesmos espaços da casa durante a maior parte do tempo, cada um tenha um tempo para si, seja para conversar com os amigos, assistir um filme, ler um livro. Se a pessoa está bem consigo mesma, mais facilmente ela consegue estar na companhia do outro.

3. Conversem sobre os comportamentos do conjugue que está difícil para você lidar nesse momento. Essa é a oportunidade que você pode dar ao outro de mudar o que não agrada, afinal, o outro não poderá adivinhar. Dialoguem também sobre as coisas boas da relação, pois vocês se escolheram pelas virtudes.

4. Compartilhem as angústias, aflições e medos. O apoio é sempre bem-vindo e estreita o vínculo.

5. Separe um tempo para atividade familiar, afinal os passeios ainda não estão permitidos. Há possibilidades interessantes como jogos de tabuleiros e filmes, por exemplo.

6. Tenha um tempo de casal, pois habitar a mesma casa não se faz suficiente. É preciso um tempo para namorar, conversar, cozinhar e estar em sintonia com o parceiro (a).

7. Façam planos para o pós-pandemia. Sabemos que esse período vai passar e realizar esses planos simboliza que a relação sobreviveu e se fortaleceu mesmo diante de tantas diversidades impostas.

8. E se você realmente acha que o divórcio é a melhor solução, certamente será um caminho doloroso, mas o diálogo entre os pares será de suma importância para que o rompimento não seja mais difícil do que já é.

E atenção, deixo aqui um alerta! Cuidado quando for escolher o próximo parceiro (a), pois tendemos a repetir alguns comportamentos e você pode acabar escolhendo alguém parecido com quem já se relacionou e não deu certo e assim, irá se frustrar novamente.

Repetir algumas ações que nos fazem mal, é um sintoma de algo que não está funcionando corretamente dentro de nós.

E lembrem-se, sempre que necessário, busquem ajuda de um profissional.

Texto: Elisângela Siqueira
Imagens: Pexels

Elisangela Siqueira

Psicóloga com especialização em Psiquiatria e Psicologia da Infância e da Adolescência e em Psicoterapia Psicanalítica Breve. Mais de 10 anos de experiência. Atendimentos presenciais e online.

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Elisangela Siqueira

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