A Extraordinária Vida de Ibelin, dirigido por Benjamin Ree, é um documentário comovente que explora a vida de Mats Steen, um jovem norueguês diagnosticado com distrofia muscular de Duchenne. Incapaz de viver plenamente no mundo físico devido à progressão da doença, Mats encontrou uma forma de liberdade e conexão no universo online do jogo World of Warcraft, onde era conhecido como Ibelin Redmoore.
O filme, que estreou no Festival de Sundance de 2024 e está disponível na Netflix, transcende a ideia de um “simples jogador”. Ele revela a profundidade de uma vida vivida virtualmente, mas com impacto real. Através de depoimentos emocionantes de familiares, amigos e companheiros de guilda, somos apresentados a um jovem criativo e sensível, cuja presença marcou profundamente aqueles ao seu redor, mesmo que à distância.
O diretor Benjamin Ree, também conhecido pelo aclamado The Painter and the Thief, conduz a narrativa com sensibilidade, equilibrando a dor da perda com a celebração de uma vida significativa. O documentário não apenas humaniza Mats, mas também reflete sobre questões maiores: o que significa viver plenamente e como nossas conexões virtuais podem ser tão genuínas quanto as físicas.
A montagem é uma mistura harmoniosa de vídeos caseiros, imagens do jogo e entrevistas. Isso permite que o espectador compreenda como o universo digital se tornou uma extensão vital para Mats. O ponto mais impactante do filme, porém, é quando a família de Mats descobre a extensão de sua “vida secreta” como Ibelin após sua morte aos 25 anos, revelando um legado de amizades que atravessou continentes e barreiras linguísticas.
A trilha sonora discreta e emotiva de Jan Erik Mikalsen complementa a jornada, destacando os momentos mais íntimos e tocantes. Já a fotografia, simples e natural, foca no contraste entre o isolamento físico de Mats e a vastidão do mundo online que ele habitava.
A Extraordinária Vida de Ibelin é um lembrete poderoso de que o significado da vida não é medido por realizações grandiosas, mas pelas conexões que formamos e o impacto que deixamos. Mats Steen viveu uma “extraordinária” existência, não por suas limitações, mas pelo modo como encontrou liberdade e significado além delas.