Texto revisado por Flávia Figueirêdo
Os tempos mudaram, minha gente. E nós somos a última geração que viveu em um mundo sem internet e logo depois com internet. A gente viu essa ruptura, a gente viu as coisas surgindo, a gente viu a comunicação mudando. Quem tem cabeça pra lidar com essa confusão toda? Ninguém. Por isso, a gente parece perdido. Aí vem a crise, a gente não arranja emprego, tem um monte de gente fazendo nada da vida e ganhando dinheiro por ser gatinho no instagram, tem um monte de gente querendo ser isso, porque quer viver a vida viajando e fazendo nada. Mas, não dá pra fazer tudo. Ou você rala pra cacete pra poder fazer seu ano sabático e viajar pra onde quiser ou você é rico o suficiente e não precisa ligar pra nada disso. Não dá pra fazer os dois. Até essas blogueiras que vocês acham que viajam toda hora, ralam pra caramba. Um dia desses fui a um jantar de imprensa e conheci um bando de blogueiro desesperado, porque tinha que arrumar a mala pra viajar no outro dia cedinho e tinha acabado de chegar de outra viagem no mesmo dia. Viajar é bom, mas toda hora cansa, principalmente, por que viajar como blogueiro ainda é trabalho.
Eu já escrevi um texto sobre a geração Y e eu conto por que estamos tão frustrados. Pensa só, estamos no meio de uma revolução da era digital, a comunicação mudou todinha, novas profissões surgiram e o mundo está em crise e somos nós (geração entre 20 e 30 anos) que está iniciando a carreira, ralando pra caramba pra conseguir o que quer. Não tem como não entrar em parafuso.
Hoje, nossa maior crise é escolher um caminho, porque temos muitas possibilidades. É muita opção pra uma vida só. Eu queria ser atriz, escritora, blogueira, viajante, astronauta, degustadora de cerveja e ainda ficar domingo à noite assistindo tv em casa. E eu podia ser tudo isso, mas, não de uma vez. Só que o problema é que cada escolha é uma renúncia, ou melhor, a cada escolha, a gente renuncia todas as outras possibilidades e isso é muito frustrante. Eu me vejo constantemente cercada de portas que eu poderia abrir, mas ao abrir uma, não tem como voltar atrás e eu nunca vou saber o que tinha atrás das outras portas que eu deixei de escolher. Mas, eu tento me convencer do seguinte: eu não acredito em destino, porque acho que a gente cria nosso destino a cada escolha que faz. Então, se é a gente que cria a própria realidade, não existe nada atrás daquelas outras portas que eu não escolhi. O que existe ali atrás é a gente que inventa, a gente que traça. Daí fica muito mais fácil ir com fé e abrir a porta que a gente quer.
Mas, voltando à crise (não a econômica, mas a pessoal). Internet, revolução digital, novas comunicações, possibilidades e uma coisa fantástica que a gente não ta vendo. Às vezes, a profissão da nossa vida ainda nem existe! Talvez seja a nossa chance de criar essa profissão. Por exemplo, analista de mídias sociais, blogueiro, analista de SEO, programador de app… nada disso existia 15 anos atrás. E quem sabe daqui a 10 anos, o mercado esteja cheio de profissões novas. A internet possibilita lançar alguma coisa nova e alcançar muito mais gente em pouco tempo. Não preciso de um mega investidor pra fazer meu negócio pela internet. Pelo menos, no começo. E pensa só quanta coisa ainda vai mudar. A tecnologia cresce exponencialmente, ou seja, se a gente já viu essa transformação toda em apenas 15 anos, isso quer dizer que daqui a 15 anos vamos ter tido 30 vezes mais mudanças em um mesmo período de tempo.
Eu demorei muito pra entender isso. Sempre achei que eu era um ET que chegou aqui na Terra e ficou perdido, porque não queria fazer nada que existia. Até que, aos poucos, eu fui percebendo que eu podia juntar as coisas que eu gostava fazer. E pensar que na escola eu tava em parafuso, porque não sabia se escolhia jornalismo ou direito. Ah, como a gente é bobo! Então, a moral da história é que tudo bem se sentir perdido, porque ninguém entendeu ainda o que está acontecendo. Estamos no meio da mudança! E a mudança não é um evento, é um processo. E a parte boa é que agora nós temos a chance de mudar e criar algo novo. Saca só quanta coisa nova tá surgindo! Até a relação de consumo mudou. Hoje tá todo mundo em grupo de trocas em vez de sair comprando tudo novinho. Tá tudo se transformando, e nós estamos no olho do furacão. Cabe a nós aproveitar o momento pra chorar e se lamentar ou perceber que não vamos entender nada agora e talvez não dê tempo pra entender em vida. Você acha que o pessoal do século 18 entendeu a revolução industrial? Nada! A gente só conseguiu decifrar essa mudança muito tempo depois. Precisamos tirar proveito disso tudo sem ficar nessa ansiedade louca. É hora de chacoalhar com as nossas certezas e investir no novo.