Por Marcela Picanço
Se existe alguma coisa que me intriga, nesse mundo, são portas.
As portas estão em todas as histórias, nas metáforas e em todos os problemas de lógica. As portas são um dos símbolos mais universais que existem, porque elas representam sempre o mistério. E, se a gente for pensar, a vida é realmente uma constante abertura de portas. A cada instante, a gente escolhe ou faz uma decisão – e decidir algo é sempre abrir uma porta. É sempre o inesperado.
Se você decide comer carne em vez de frango, no almoço, é uma porta. Se você decide pegar um ônibus, é uma porta. Se você decide acordar 10 minutos mais tarde, é uma porta. E tudo pode mudar a partir das suas escolhas diárias, por mais que a gente não perceba, por mais que não pareça que está tudo mudando constantemente e que as portas estão se abrindo a cada segundo que passa. O fato de que querer começar a escrever a próxima frase é uma porta. E quem decidiu abrir esse texto para ler também está abrindo uma porta. A gente vive assim, abrindo portas, sem perceber que, a cada cinco minutos, a gente tem a oportunidade de virar o jogo. O nosso jogo, claro. Cada porta que se abre é uma chance de mudar tudo. Assim mesmo. De uma hora para outra. Posso escolher fazer qualquer coisa, se eu tiver coragem de encarar as consequências.
E é libertador atravessar uma porta se medo do que há do outro lado. Ou melhor, é muito bom escolher uma porta para atravessar, porque, no fundo, todas estão abertas. E a gente nunca sabe qual delas vai dar em um precipício ou um paraíso; e sabe o que mais? A gente nunca vai saber se escolheu a porta certa. Porque a gente nunca vai saber o que teria acontecido se a gente tivesse escolhido a outra, ou a outra, ou a outra.
As portas carregam as nossas incertezas sobre o que há do outro lado. As portas sempre foram um enigma. Como se escolher a porta certa fosse como num problema de lógica, em que você escolhe a porta onde está a cabra e tudo se resolvesse. Mas, antes de abrir uma porta, nada existe ali atrás, porque o futuro se constrói no presente, a partir do que você faz E o fato de você abrir uma porta e não outra não interessa, porque não existe nada lá atrás, ou melhor, existe tudo. A porta é um mistério justamente por carregar nossa indecisão, nossa insegurança. A porta, na verdade, é um espelho. E, enquanto a gente não decide, nada acontece. Vale abrir todas as maçanetas, vale atravessar tudo, porque é a única forma de desvendar o mistério das portas. O mistério das portas somos nós mesmos e, cá entre nós, descobrir o que está por trás da nossa própria porta é uma das coisas mais difíceis que existem, mas também uma das melhores.
Todas as possibilidades que não são o presente existem ou poderiam ter existido e a gente nunca vai saber. Escolher nunca é uma aposta, porque, numa aposta, você sabe se você ganhou ou perdeu. Na vida, quando a gente escolhe, a gente nunca sabe se ganhou ou perdeu. Por isso, se a gente escolher as portas que quiser, sem hesitar, sem ser pela vontade do outro, a gente vai encarar as consequências de outra forma e vai pensar que sempre deu certo. A gente sempre teve uma escolha.
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