Li, um dia desses, numa rede social, a seguinte mensagem: “ O pior estranho é aquele que um dia conviveu com a gente”. Me peguei pensando muito sobre isso e decidi transformar o pensamento nesse texto.
De verdade, penso que deveria existir uma lei, uma força maior que proibisse que o amor fosse transformado em ódio. Tudo bem, já sei que alguém pode discordar de mim e dizer que o amor verdadeiro jamais acaba. Então, vamos por outro caminho. Deveria ser proibido que um relacionamento, que foi tão gostoso por algum tempo, se transformasse em dor ou ferida na vida de alguém.
Gente, acredito que um dos piores lutos é aquele em que a gente tem que matar alguém que vive dentro da gente. Sabe, é aquela briga feia entre o coração e o cérebro. De um lado, a razão toda imperativa, elencando todas as razões para excluirmos aquela pessoa dos nossos pensamentos. De outro lado, o nosso coração, chorando feito uma criança que teve o seu brinquedo tomado à força. Fica aquela queda de braço insuportável.
De uma hora para outra, o coração recebe uma intimação do cérebro para se posicionar contra, justamente, alguém que é o motivo de ele bater mais acelerado, feliz e eufórico. Ah, com é doloroso esse esforço para desgostar de quem amamos. Que tarefa árdua essa de tentar mostrar ao coração que abusaram da boa fé dele. Com diz no popular: é muita judiação!
É dolorosa demais essa missão de transformar encanto em ressentimento. Eu estou falando dos amores que acabam em dores porque alguém se machucou profundamente. Seja porque faltou lealdade, seja porque faltou respeito, seja porque faltou consideração, seja porque faltou responsabilidade ou qualquer outra postura que evitasse esse rombo nas emoções de quem acreditou e se jogou numa relação. E não me venha dizer que errado é quem se apegou. Calma aí! Se a pessoa está numa relação na qual ela é alimentada o tempo todo de forma a acreditar que está vivendo algo verdadeiro, ela está, sim, no direito de criar apego. Pessoas não são máquinas com botões de liga e desliga, sentimentos são construídos em cima de reforçamentos que o parceiro oferece. Até porque não faz sentido se relacionar com o freio de mão puxado o tempo inteiro.
Então, dependendo do tipo de ruptura que um relacionamento teve, sairão dele, dois inimigos, ou, na melhor das hipóteses, dois estranhos. Dois estranhos que um dia se entregaram e se conheceram em suas versões mais encantadoras. Dois estranhos que conhecem as fragilidades um do outro. Dois estranhos que um dia se pertenceram sem reservas e, que hoje, se resumem em contatos bloqueados nas redes sociais um do outro.
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