“Tuas filhas te acham bonita?”, a Anita perguntou pra uma amiga nossa. A Anita tem esse dom de fazer perguntas constrangedoras e aguarda a resposta sem esboçar nenhuma vergonha, enquanto eu enrubesço. “Não, eu acho que elas não me acham muito bonita, não”. Nossa amiga estava em um dia de autoestima lá embaixo. A Anita, sem notar nenhum problema no diálogo, emendou: “Mas tu fazia carinho nelas? Tu fala que ama elas? Porque isso faz toda a diferença pra te acharem bonita”. Não sei onde ela aprendeu isso, mas faz todo sentido. O “eu te amo” tem poder.

O “eu te amo” muda vidas. O “eu te amo” causa explosões e pernas bambas. Um “eu te amo” não dito pode ser a vida que podia ter sido e não foi. O “eu te amo” muda histórias, deixa pessoas mais confiantes, massageia o espírito. Casais ficarão juntos, filhos se sentirão confortáveis. Pais ouvirão “eu também te amo”. Às vezes, digo “eu te amo” só pra receber um de volta. O “eu te amo” melhorou minha relação com a minha mãe. Às vezes, insisto em dizer, mesmo que esteja meio cansado das ligações dela no meu telefone fixo. Telefone fixo só serve pra ligação de mãe e telemarketing.

Há quem se assuste e saia correndo. Há quem tenha medo do “eu te amo”. Não sei o que pensam estes, se não acham que merecem, se não querem se envolver com essas profundidades emocionais. Mas eu sou fã do “eu te amo”. Digo o tempo todo, pra minha mulher, mãe, filhas. Digo mesmo quando não estou lá, explodindo de amor. Digo pra reforçar pra mim mesmo. Digo pra quem não tem muito acesso a “eu te amo”. Uma espécie de distribuição de renda, uma bolsa eu te amo. Certa vez, disse até pra um garçom que era realmente muito competente na arte de tirar e servir chopes gelados. “Eu te amo, bicho”. Ele achou estranho, mas agradeceu.

Lembro quando falei “eu te amo” pela primeira vez pra minha madrinha. Ela ficou muito emocionada. Agora, fala “eu te amo” sempre que conversamos. Lembro quando minha filha disse “eu te amo” pela primeira vez pro meu sogro. Avesso a sentimentalismos, o velho começou a chorar. Disse que deveria ter dito mais isso aos filhos. Mas achou que já era muito tarde pra começar e ele não quis passar a distribuir “eu te amo”, assim, sem mais nem menos. Acho que ele tentava, mas ficava constrangido.

O “eu te amo” constrange. O “eu te amo” liberta.

Nunca é tarde pra começar a praticar.

Imagem de capa: Giselle Sauer, divulgação

CONTI outra

As publicações do CONTI outra são desenvolvidas e selecionadas tendo em vista o conteúdo, a delicadeza e a simplicidade na transmissão das informações. Objetivamos a promoção de verdadeiras reflexões e o despertar de sentimentos.

Recent Posts

Somente 3% das pessoas é capaz de encontrar o número 257 na imagem em 10 segundos

Será que você consegue identificar o número 257 em uma sequência aparentemente interminável de dígitos…

32 minutos ago

Com Julia Roberts, o filme mais charmoso da Netflix redefine o que é amar

Se você é fã de comédias românticas que fogem do óbvio, “O Casamento do Meu…

13 horas ago

O comovente documentário da Netflix que te fará enxergar os jogos de videogame de outra forma

Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.

21 horas ago

Nova comédia romântica natalina da Netflix conquista o público e chega ao TOP 1

Um filme charmoso e devertido para te fazer relaxar no sofá e esquecer dos problemas.

22 horas ago

Marcelo Rubens Paiva fala sobre Fernanda Torres no Oscar: “Se ganhar, será um milagre”

O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme Ainda Estou Aqui,…

2 dias ago

Série que acaba de estrear causa comoção entre os assinantes da Netflix: “Me acabei de chorar”

A produção, que conta com 8 episódios primorosos, já é uma das 10 mais vistas…

2 dias ago