Popularizado na internet, assim como Clarice Lispector, Drummond e Bukowski, o escritor ganhou fama após sua morte em 1996 e conseguiu, através das redes sociais, uma legião de fãs que poucos possuem.
Os poemas do escritor, altamente parafraseados nas redes sociais, tratam de assuntos cotidianos sempre abordados por meio de uma linguagem muito próxima da coloquialidade. Único e extremamente intuitivo, o autor expõe os sentimentos humanos com a naturalidade como quem coloca uma mesa para um café.
A alma humana encontra-se, em seus livros, marcada por uma realidade ora chocante, ora romântica e que, por motivos não difíceis de entender, deram ao autor o título de “fotógrafo da fragmentação contemporânea”. Seus textos que falam de sexo, de medo, de morte e de solidão, parecem dilacerar o leitor gradativamente com o passar das páginas.
Uma particularidade da escrita de Caio é o trato com a realidade. O autor parecia “adivinhar” as situações que o leitor enfrentava e transformava-as em textos.
Para Caio, o destino era soberano: “Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas para um dia darem certo(…)”. “O mundo, apesar de redondo, tem muitas esquinas”.
Em ovelhas negras, livro que reúne textos “esquecidos” de Caio, escritos entre 1962 até 1995 e proibidos de serem publicados na época da ditadura militar, o autor relata sua inconformidade diante das situações imutáveis: “essa morte constante das coisas é o que mais dói”.
Exagero era a palavra que o definia. Para ele, os sentimentos eram supervalorizados e, consequentemente, inevitáveis: “ andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais”.
Apesar dos sentimentos expostos em “carne viva”, Caio sabia que a cura seria inevitável e acreditava que tudo passaria: “vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?”
A verdade é que Caio sabia das coisas e, descrevia os sentimentos humanos como se os tivessem criados: “Muita coisa que ontem parecia importante ou significativa, amanhã virará pó no filtro da memória. Mas o sorriso (…) ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo”.
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