Nos últimos dias, o Brasil discute mais uma vez um assunto bastante polêmico e que, para alguns, sequer deveria constar na pauta. Trata-se do “racismo reverso”, termo cunhado por grupos conservadores para descrever supostos atos de racismo de pessoas negras contra pessoas brancas.
O assunto ganhou força depois que o deputado estadual Anderson Moraes, do PSL do Rio de Janeiro, protocolou uma notícia-crime na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância contra Lumena, participante do BBB 21, no último dia 10.
Na denúncia, Moraes se refere a um episódio em que a rapper Karol Conká e a psicóloga Lumena falavam sobre a atriz Carla Diaz, quando a psicóloga passou a debochar da aparência da atriz, citando “falta de melanina”.
Veja a conversa das participantes no vídeo abaixo:
Nas redes sociais, o deputado Anderson de Moraes se pronunciou sobre o epidódio no BBB21 e a denúncia crime contra Lumena.
“Um caso claro de racismo de duas jovens negras contra pessoas brancas. Pedimos para a Decradi apurar os fatos e se manifestar pela expulsão dela do programa. Se fosse o contrário, o que seria igualmente crime, já teriam se mobilizado para combater o racismo.”, disse o deputado.
E o assunto voltou à tona nesta semana, mais uma vez devido a uma situação dentro do reality da Rede Globo. Em conversa com Gilberto, a participante Sarah se queixou de estar sendo alvo de especulações de racismo por parte de Lumena e citoU um suposto “preconceito ao contrário”.
Veja o vídeo:
Dado o contexto, vamos adentrar o assunto deste texto, O QUE PRECISA SER DITO SOBRE O “RACISMO REVERSO”.
Para falar sobre “racismo reverso”, precisamos antes recorrer à definição de ‘racismo’. No dicionário de Oxford, o termo é definido como:
“Conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias. Doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras.”
O racismo está intimamente ligado a relações de poder. Historicamente, populações negras e indígenas foram vítimas de dominação em boa parte do mundo. E isso ainda tem reflexos na sociedade de hoje, como bem elucidou a filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira Djamila Robeiro em entrevista para a DW Brasil.
“Com o fim formal da escravidão, houve um processo de criminalização de pessoas negras, sobretudo homens, alvos de leis como a vadiagem, que determinava a prisão de pessoas “sem ocupação”, numa época de alto desemprego para os homens negros. As mulheres negras foram destinadas ao trabalho doméstico, uma herança presente até hoje. Atualmente, estima-se que mais de 6 milhões de mulheres negras são empregadas [domésticas] no país, e a lei que regulamenta a profissão somente foi aprovada em 2013, sob intensos protestos do sistema que se beneficiou historicamente desse trabalho.”, disse a filósofa.
“Então, estamos dizendo que o racismo estrutura as relações raciais no Brasil. Uma estrutura presente antes mesmo de nós termos nascidos. No Brasil é comum entrarmos em restaurantes e não encontrarmos nenhuma pessoa negra no local – nem como garçom ou garçonete. Quem vai a shopping terá dificuldade de encontrar uma vendedora de lojas negra. Isso, vale frisar, em um país com 54% da população negra. Ou seja, o racismo estrutura a sociedade e, assim sendo, está em todo lugar.”, elucidou Djamila.
Não há, portanto, a menor possibilidade de uma pessoa de pele caucasiana ser vítima de racismo, afinal, a população branca não sofre as consequências de um histórico de opressão e segregação como acontece com negros e indígenas.
O que se pode afirmar é que uma pessoa branca pode sofrer preconceito – que se define como um pré-julgamento sobre algo ou alguém – ou então ser vítima de discriminação, coisas que, definitivamente, não são o mesmo que racismo.
No caso específico do episódio envolvendo Lumena e Carla Diaz no BBB21, é possível especular, com base nos diálogos exibidos no programa, que a atriz esteja sendo discriminada pela psicóloga devido à sua aparência. Mas ela, de modo algum, estaria sendo vítima de “racismo reverso”, simplesmente porque O “RACISMO REVERSO” NÃO EXISTE!
Se ainda te faltam argumentos para acreditar que o “racismo reverso” não passa de falácia, dê o play no vídeo que a Tia Má fez sobre o assunto, usando o bom-humor que cai bem nos dias de hoje. Veja abaixo!
Se você precisa de uma abordagem ainda mais didática sobre o assunto, recomendamos a leitura do livro “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro; ou ainda “O que é Racismo Estrutural?”, de Silvio Almeida.
***
Texto de Felipe Souza.
Imagens: Reprodução/TV Globo.
O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme Ainda Estou Aqui,…
A produção, que conta com 8 episódios primorosos, já é uma das 10 mais vistas…
A Abracine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) considera este um dos 50 melhores filmes…
Os nomes próprios carregam mais do que apenas uma identidade. Eles revelam histórias, culturas e…
Este filme que fez enorme sucesso nos cinemas e agora está disponível na Netflix retrata…
Theo, de 10 anos, esteve com o pai no show do Linkin Park em São…