Lembra quando você era criança, que andava saltitando de um lado para o outro, leve, alegre, inocente, despreocupado, “de boas” com a vida?
Definitivamente não se importava com o que o presidente do país andava fazendo, em como ia a economia, se o tempo estava muito quente ou muito frio, se alguém tinha te olhado torto, se não ia dar conta das suas tarefas, no que ia fazer no final de semana (e nas próximas férias), se estava um pouco acima do peso, se a violência estava crescendo, se o dinheiro ia aguentar até o final do mês…
Claro que essas coisas lhe atingiam – direta ou indiretamente -, mas você simplesmente não dava bola. Não ficava pensando. Não estava nem aí. Não se angustiava com o que estava por vir, com as possibilidades desanimadoras, com o futuro. Nem com o passado.
Simplesmente era. Vivia o momento presente.
No fundo, sabia, intuitivamente, que se preocupar com o que quer que fosse não ia fazer diferença. Então, vivia. E curtia. E se divertia. E o seu coração saltitava dentro do peito. Era feliz. Você o alimentava o tempo inteiro.
Claro que agora, adulto e tal, você não pode ficar tão “nem aí” assim. Mas pode ficar muito mais “nem aí” do que está acostumado. Você pode largar de mão muitas coisas. Você necessita alimentar o seu coração.
E, sabendo que alimentar o coração o tempo inteiro, nessa vida de gente grande, é um tanto complicado, sugiro o alimentar com uma coisinha ao dia. Pode ser das mais simples, mas não pode falhar: comer um doce que ama, ouvir uma música gostosa, olhar fotos antigas, andar num brinquedo num parque, abraçar seu velho ursinho de pelúcia, deitar no colo da sua mãe, escrever um poema, conversar com uma criança, lamber a forma de um bolo, assistir a um desenho animado, dançar sozinho em cima da cama, olhar no espelho e rir da sua própria carranca, pular na piscina, chupar uma manga, ler uma história, olhar para o céu e ficar viajando com as nuvens ou admirando as estrelas, falar com um amigo que faz tempo que não vê, ou colocar as mãos sobrepostas sobre o peito, fechar os olhos e ficar sentindo, só sentindo o que se passa…
Vou lhe contar um segredo: se o seu coração não for alimentado com periódicas doses de alegria, ele vai murchando, murchando, até ficar atrofiado. E daí, amigo, a vida fica complicada demais. Fica cinza demais. Fica difícil tocar adiante…
Melhor fazer uns mimos para ele vez ou outra.
Você vai ficar muito, mas muito melhor, te garanto.
Porque ser sério demais é loucura, é perigo, é abismo à frente.
Ligue o alerta sempre que a diversão estiver muito longe da sua vida.
Alguma coisa se perdeu pelo caminho…
Inicie, imediatamente, um intensivão para se resgatar.
Pode não parecer, mas “vida” rima com “alegria”, com “leveza” e com “amor”!
Por Susiane Canal