O que você sabe porque ouviu alguém falar, você ainda não sabe

Uma das características mais marcantes das redes sociais é a exposição desmedida. As notícias voam e podem chegar a milhares de computadores em questão de segundos. Infelizmente, a rapidez da travessia dessas notícias é bem mais rápida do que a comprovação de sua veracidade. E isso pode acabar com a vida das pessoas.

É muito fácil e quase que automático compartilhar publicações pela internet afora. Qualquer pessoa está munida de um celular com câmera e gravador, ou seja, flagrantes cotidianos tornaram-se comuns e muitos comportamentos que conseguiam permanecer no anonimato hoje podem viralizar instantaneamente. Ninguém está livre de ser filmado, gravado e de se tornar a bola da vez.

O ser humano tem, no geral, uma curiosidade ímpar por vidas alheias, sendo a fofoca uma prática comum nas rodas de conversa – isso desde sempre. Porém, se antigamente as línguas venenosas possuíam um alcance praticamente seleto, circunscrito ao grupo de conhecidos, hoje uma fofoca pode facilmente se tornar manchete de algum artigo em alguma página virtual. Daí a cair nas redes sociais é um pulinho. O poder de alcance do veneno social, portanto, multiplicou-se à enésima potência.

Lógico que comportamentos danosos e antiéticos devem ser repreendidos e compartilhados, como forma de alerta para que aquilo não se repita, porém, o que assusta é que, às vezes, poderemos estar julgando e condenando alguém injustamente, sem lhe dar o direito de resposta e de defesa. As pessoas têm o direito de contar a sua versão também, pois existe muita gente ruim, que apenas que ferrar o outro, sem pesar consequência alguma.

Como dizem, aquilo que a gente sabe porque supôs ou porque alguém falou a gente não sabe. É preciso ter certeza das coisas e não ficar espalhando-as por aí de maneira inconsequente, pois trata-se de histórias de vidas que carregam outras vidas consigo. Quando alguém se machuca, quem o ama se machuca junto. No mais, aquilo que for verdade a vida sempre dará um jeito de providenciar a sua devida colheita. Disso ninguém há de fugir.







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.