Um vídeo que nos impacta pelas diferenças culturais, mas por esta mesma razão nos permite uma reflexão!
Uma das principais contribuições de Jung à psicologia, foi defender a ideia de que os símbolos são elementos prospectivos que carregam significados que vão muito além de seu aspecto literal. A Índia é um país com um cultura extremamente rica e complexa na expressão de suas vivências e rituais, portanto, é necessário considerar que a dimensão sagrada, formas e normas da sociedade e o papel social dos gêneros atingem o núcleo da personalidade da pessoa. Desse modo, as peculiaridades femininas e culturais da Índia não devem ser olhadas à nossa medida, mas sim de modo a compreender que tipo de indivíduo deve ser formado para aquela sociedade.
O vídeo num primeiro momento pode parecer assustador e, até mesmo violento para algumas pessoas. Mas a cena consiste num ritual milenar praticado pelas mulheres indianas. Não é apenas um banho, mas uma massagem que coloca a mãe em comunicação com seu bebê. O contato através das mãos, além de estimular a circulação sanguínea, energiza o corpinho no novo Ser e oferece-lhe segurança e tranquilidade.
Se pesquisarmos na internet encontraremos uma Índia cheia de problemas sociais: dependência e submissão extremas das mulheres, pobreza, falta de políticas públicas e tantas outras questões. Num ambiente extremamente hostil, o ritual de banhar os seus bebês pode ser interpretado arquetipicamente como uma capacidade humana de proteção e equilíbrio. No toque das mãos, as almas se conectam!
Além da relação com os bebês, o espaço ritual do grupo de mulheres, se torna o lugar do encontro do individual com o coletivo. Na acolhida de umas com as outras, as mulheres mobilizam as forças curativas da psique, despertando o potencial equilibrador e transformador da vida.
Joseph Campbell, um renomado estudioso da mitologia universal diz que o homem intelectual afasta-se de sua natureza. Este pensamento de Campbell nos leva a pensar o quanto nós do ocidente nos afastamos da natureza, dos rituais e da espiritualidade.
Carlos Byington, um dos principais junguianos do Brasil, contou certa vez em uma de suas aulas que uma determinada tribo indígena rezava todos os dias para que o sol nascesse. Poderíamos pensar: Que tolos índios! O sol não depende deles! Mas esquecemos que o Sol para aquele povo apreendia um significado muito maior, onde se não rezassem para o sol aparecer, passariam um dia sem “Sol”. Era preciso que o “Sol”, nascesse dentro deles para que o Dia pudesse começar.
Tal exemplo nos mostra uma conexão ritual com a natureza e a percepção do Ser de uma maneira mais integrada ao Todo e a tudo que o cerca. A Neurociências, cada vez mais tem abordado a importância da estimulação da relação mãe-bebê para o desenvolvimento afetivo e pleno da criança. Portanto, independente da cultura, esse vídeo nos fala da importância de um toque com significado, que acolhe e prepara o bebê para a vida! O banho deixa de ser um ritual básico da vida diária e se torna um momento significativo na vida do bebê, que irá contribuir para sua formação como pessoa e do seu corpo como sua casa sagrada!
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