Suponha que eu esteja apaixonado por uma cadeira amarela que eu vi na internet. Ela possui o assento de couro e os pés estilo Eames Eifeel. Que cadeira maravilhosa! E ela combina exatamente com a minha mesa e com a cor cinza da parede. Eu já me vejo lá sentado e desfrutando um belo café. Eu a compro pela internet e aguardo ansiosamente por 15 dias para que ela possa chegar aqui em casa. Isso tudo me traz uma sensação muito boa. Sinto-me completo e sem limites. De alguma forma essa cadeira deve ter um ingrediente da felicidade.

A cadeira chega e eu nem acredito. Monto-a e finalmente tomo meu café sentado nela. Parece que esse momento é eterno. Eu sinto uma alegria e liberdade por ter o que desejei.

No dia seguinte, essa experiência foi menos intensa. Meu corpo já reconhecia a cadeira, não tinha mais novidade; mas ainda assim, eu apreciava a sua beleza, entretanto com menos força.

Dois meses passaram e eu resolvo pintar a parede de amarelo, só que acabou que a cor amarela da cadeira já não caiu mais bem. Alguns botões dela também já estavam soltando e o couro parece não ser tão resistente assim. Agora aquela cadeira não combina nem um pouco com a minha sala. Está tudo muito amarelo e eu acho melhor anuncia-la na internet.

Anuncio e pronto. No dia que consigo vendê-la me sinto livre. Vem aquela felicidade e quando o comprador vem buscar, eu me sinto feliz por ter me livrado da terrível cadeira amarela.

Agora vamos analisar: um objeto tem a característica de me fazer feliz. Pode ser a cor, o tamanho, o uso, o design, o valor, etc… mas pelo visto essa característica muda; pois assim que me acostumo, o interesse por aquilo já diminui.

Bem, se com o meu contato, o nível de felicidade diminui, então a felicidade não pode ser uma característica dela, pois senão não mudaria. Se a felicidade fosse a cor amarela, a cor da cadeira não mudou. Se fosse o couro, este não mudou. Será o design das pernas? Bem, este também não mudou.

Percebo que passa um tempo e aquilo que me fazia feliz, agora me faz infeliz. E eu decido me livrar da cadeira. Agora, além de não ter minha felicidade na sua característica, a mesma me causa infelicidade. A mesma cadeira! Como pode? Só porque mudei a cor da parede e porque a cadeira não está tão nova? É possível concluir que a felicidade nunca esteve nesse objeto, nessa cadeira, nessa característica. E também não está na parede e na sua cor.

Cadê a felicidade que eu senti?

Mas eu me senti feliz, como resolvo isso? Se o meu estado mudou e eu não posso encontrar a característica da felicidade na cadeira, então a felicidade deve em outro lugar, o mais provável: em mim. A felicidade deve ora estar aparente, quando recebo a cadeira e quando me livro depois de enjoar; e ora estar escondida.

A felicidade só pode estar em mim. Eu que faço essa confusão de achar que está em algum objeto, sendo que ela sempre é sentida por mim e eu nunca descobri uma característica no objeto que garanta essa felicidade. Nenhuma característica pode me garantir a felicidade.

E essa foi a nossa conversa sobre onde está a felicidade: em mim. No próximo texto abordaremos mais perguntas sobre a felicidade.

Photo by averie woodard on Unsplash

Virgilio Magalde

Engenheiro de Formação, que largou o mundo corporativo para seguir o sonho de ser professor na área. Filósofo, escritor e poeta de coração. Atualmente desenvolvendo o hábito de ser blogueiro. Possui formação em coaching e se interessa sobre assuntos de desenvolvimento pessoal, relacionamentos, meditação, espiritualidade e demais explicações sobre o que vemos e sentimos.

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