Um simples mau hábito de comunicação é suficiente para causar vários problemas. Às vezes, o custo de uma má comunicação é imediato; em outras, as consequências negativas assumem forma com o tempo.
Hoje em dia, com múltiplas ferramentas disponíveis para se comunicar, é mais difícil trabalhar a postura e boas condutas nas horas de conversação e interatividade.
Conversar é uma atividade humana primordial, que toma boa parte do cotidiano das pessoas. De acordo com Martin Heidegger, “só há mundo onde há linguagem”. A comunicação é vital à civilização.
Em conversas informais, mensagens de texto, na elaboração de e-mails e na escrita de um documento, por exemplo, nós, muitas vezes, somos acometidos pela pressa, e acabamos errando no linguajar.
Erros de concordância verbal e nominal, ignorância em relação à pontuação, gramática e ortografia, letras trocadas, palavras sem sentido. Todos esses erros são comuns e podem parecer banais, irrelevantes, mas, certamente, eles prejudicam na transmissão de uma comunicação eficaz.
Toda pessoa tem seus vícios de comunicação, os quais são persistentes, prolixos e podem transformar-se em hábitos corroboráveis da linguagem.
Quando os maus hábitos de comunicação insurgem, a reputação de um comunicador se torna comprometida, assim como sua credibilidade.
Apesar de nós errarmos muito e consecutivas vezes no expressar, é sensato pensar mais de duas vezes antes de falar ou escrever. Um certo rigor é recomendável para todos aqueles que desejam se certificar da compreensão de suas mensagens.
Para se fazer entender, e ser compreendido, a linguagem de uma pessoa não é mais importante do que seu caráter, embora a forma como se comunica seja deveras determinante para a assimilação da parte de todos. Segundo um provérbio chinês, “a língua é um sabre que pode trespassar o corpo”.
A linguagem nasceu para facilitar relações culturais e clarificar os pensamentos dos envolvidos em uma conversa discernível. O impacto de uma comunicação assertiva favorece o desenvolvimento de qualquer sociedade coesa e produtiva.
Geoffrey Tumlin, especialista em comunicação, afirma:
“Este é o melhor momento na história humana para ser um comunicador competente. É verdade que pode ser extremamente difícil se libertar dos maus hábitos associados com a distração, a celeridade, a auto-expressão e o excesso que caracterizam grande parte da nossa comunicação na era digital. No entanto, se estivermos dispostos a abandonar alguns de nossos hábitos de comunicação ruins, podemos otimizar as oportunidades de forma produtiva e significativa com outras pessoas.”
Muitos dos problemas do mundo digital atual são suscitados por má comunicação e compreensão entre as partes.
Apesar da avançada tecnologia eliminar fronteiras entre as pessoas, em um mundo vertiginosamente tecnológico, aumentam-se os problemas de comunicação presencial, explícita, cara a cara. Como afirmou o já falecido jornalista e humorista Millôr Fernandes:
“Só depois que a tecnologia inventou o telefone, o telégrafo, a televisão, a internet, foi que se descobriu que o problema de comunicação mais sério é o de perto.”
Alguns hábitos não só prejudicam uma comunicação, como a desmantelam completamente. E, por mais que esses hábitos sejam passíveis de acontecer várias vezes em determinadas circunstâncias, representam, intencionalmente ou não, uma falta de decoro para com quem se fala.
Agir é mais impactante do que pensar, porém, fazer algo sem pensar pode ser mais perigoso do que qualquer pensamento. A ação mostra o ardor de um trabalho, mas é o pensamento que forja a intenção de agir. Em paralelo, pode-se dizer que, porque a fala é uma reação a um ouvido, dizeres impensados resultam em ouvires (e interpretações) incoerentes.
Mas a comunicação não é tudo o que importa para o entendimento de pessoas, coisas e relações. O filósofo francês Paul Ricoeur disse o seguinte:
“Não pode haver uma totalidade da comunicação. Com efeito, a comunicação seria a verdade se fosse total.”
O silêncio, em uma ou outra situação, é a melhor forma de comunicação, ou então a mais adequada. Pode-se falar muito sem falar nada. Além disso, bem disse Benjamin Disraeli, “há pessoas silenciosas que são muito mais interessantes do que os melhores oradores”. De fato, algumas pessoas são mais valorizadas em seu silêncio do que quando estão verbalizando.
Uma das finalidades da comunicação é fazer-se entender, embora seja preferível, eventualmente, desentender ou ser desentendido.
Ao nos expressarmos, facilmente podemos perder o ritmo e a coerência de nossa fala, muitas vezes de forma imperceptível. Essas falhas, entretanto, deturpam a eloquência de uma mensagem e, devido à precariedade no canal de comunicação, ambos os envolvidos assumem perspectivas erradas do que se fala ou ouve.
Bem, poucas coisas são mais impróprias e desagradáveis para uma comunicação do que esses 10 hábitos a seguir:
Como disse Goethe, “falar é uma necessidade, escutar é uma arte.” É provável que as pessoas já imaginem o quão desagradáveis podem ser as situações que acontecem a partir de uma simples falha de ouvir. A negligência de escuta é um hábito muito comum, e um problema fundamental. Uma marca registrada de má audição é quando a pessoa fala interminavelmente (como em um monólogo) ou não faz qualquer pergunta relacionada ao que o outro falou (como se acometida pelo desinteresse). Habilidades pobres de escuta resultam em falhas de comunicação, oportunidades perdidas, além de menor produtividade devido a erros e esforços redundantes.
Todos nós temos uma coisa em comum quando falamos: queremos ser ouvidos. As pessoas que interrompem as outras com frequência podem acabar cortando uma linha de raciocínio, comprometendo a integridade da mensagem. Às vezes, o ato de interromper é inevitável, mas são poucos que fazem isso quando é realmente necessário. Apesar de muitos acharem que suas interjeições (ou intromissões) são importantes para complementar o que o outro está dizendo, isso também pode demonstrar uma falta de envolvimento. Como disse o escritor e pintor Malcolm de Chazal, “a melhor forma de ser escutado é fazer de cada ser um auditório completo e, do auditório inteiro, um único ser”.
Vivemos em terras rodeadas por mares de distração, e estes não saem de nosso horizonte. A revolução digital facilitou a hipercomunicação, mas tornou mais difícil, para qualquer um, ouvir. Celular, tablet e laptop, por exemplo, são recursos de comunicação viciantes, e por isso nós abusamos deles. No entanto, quando alguém solicita nossa atenção ou está nos falando algo e, ao mesmo tempo, ficamos mergulhados nas águas profundas da distração, isso demonstra uma clara falta de respeito, um péssimo hábito de comunicação, e o mais evidente sinal de ruído.
Independentemente de quem estamos falando, as conversas merecem total atenção, e não apenas olhares indiferentes por estarmos envolvidos em multitarefas simultâneas. Esse é um hábito do qual todos são passíveis de ser culpados. Mesmo que estejamos realizando uma atividade simples que permita uma conversa sincronizada com outra pessoa, corremos o risco de quebrar o elo comunicativo ao direcionar o foco para diversos alvos.
Grande parte das pessoas gosta da conveniência de mensagens de texto e e-mail. Porém, preferenciar o contato à distância, ao invés do presencial, nos torna preguiçosos, além de isso sinalizar uma falta de prioridade em relação a não estar junto com a pessoa. Se é possível explicar para alguém, pessoalmente, aquilo que comunicamos de longe, então as razões para evitar o contato direto são produtos de uma escolha. Para o outro, isso pode ser decepcionante. A variedade infinita de recursos de comunicação facilitou a troca verbal, mas também impôs grandes distâncias. Esse mau hábito, se não for desvirtuado constantemente, torna-se uma característica.
Há conversas que vão da paz à guerra em instantes. Algumas pessoas discutem para testar e evoluir suas ideias, enquanto outras discutem simplesmente porque gostam de provocar. Esse mau hábito de comunicação faz de uma pessoa alguém difícil de interagir, ao mesmo tempo que abduz o outro a reagir de forma igualmente ofensiva ou indecorosa. Ou seja, combater a outra pessoa enquanto está falando pode ser um ato recíproco e automático, quando claramente indica uma resposta explosiva para um sinal de comunicação primário. Impor vontade sobre a outra pessoa através de discussões destrutivas é um mau hábito comum que, em sua veemência implacável, dificilmente melhora a oratória e a essência da mensagem transmitida.
Nem sempre é melhor fazer perguntas, para alimentar a conversa, do que não fazer nenhuma. Certas questões não são neutras. As perguntas fazem melhores conversas, mas podem causar problemas se a outra pessoa interpretá-las como sendo mal-intencionadas. Alguns problemas de comunicação refletem em habilidades de questionamento precárias. Perguntas defeituosas contribuem para muitas falhas de conversação e podem adicionar ansiedade defensiva, retração, repulsa e má vontade para interações. Algumas perguntas são suscetíveis de sufocar diálogos, mesmo que o propósito tenha sido a progressão da conversa.
Esse é um dos principais hábitos de comunicação ruins. As pessoas afetadas por esse hábito costumam contatar outro alguém apenas quando têm algum problema, estão a caça de trabalho, precisam de consolo, atenção, ou referências de ação. Nesses períodos de necessidade, as conversas são solicitadas mais por conveniência do que por consideração. Seja qual for a razão pela qual as pessoas fazem isso, não deixa de ser desagradável para quem recebe esse tipo de mensagem sazonal e de cunho interesseiro. José Ortega y Gasset comentava que “pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado”. Afinal, ninguém gosta de sentir que está sendo usado unicamente para fins utilitários que não envolvam troca de sentimentos genuínos.
Outro mau hábito de comunicação bastante comum. Em algumas comunidades e culturas de trabalho, não retornar mensagens é uma grave violação de conduta, enquanto em uma sociedade hiperconectada já virou uma prática rotineira e até aceitável. Seja por ignorar alguém ou por não desejar a continuidade da comunicação, muitas pessoas preferem dar fim de papo sem precisarem dizer algo.
Todos nós mentimos, por razões diversificadas, e não é curioso o fato de que alguém possa ser tão descredenciado por ter o hábito recorrente de mentir. Não importa que a mentira seja para evitar ferir os sentimentos de alguém ou proteger a si mesmo, poucas pessoas estão dispostas a confiar em alguém que mente constantemente, a não ser que queiram ser enganadas. Veracidade exige coragem e, essencialmente, paciência para contornar os seus impactos, ao passo que mentir exige destreza e pode ser um ato de manipulação. Sim, a verdade pode ferir, muitas vezes e profundamente, mas as mentiras tendem a ser, no devido tempo, mais prejudiciais.
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